Uma inundação seguida de deslizamentos com vítimas afetam o Vale do Itajaí durante a semana. Os acidentes citados, felizmente, não são reais e ocorrem apenas no sistema chamado Combater, criado pelo Ministério da Defesa, que promove até sexta-feira em Santa Catarina o Exercício Conjunto de Apoio à Defesa Civil (Ecadec), evento pioneiro no Brasil.
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O programa é parecido com um jogo de computador e simula situações para que os envolvidos possam avaliar como estão suas ações. Neste caso, o sistema está promovendo um desastre natural fictício e a base de comando das reações foi montada na sede do 63º Batalhão de Infantaria do Exército, em Florianópolis. No decorrer da semana, o software ainda deve projetar um acidente químico em São Francisco do Sul.
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Da sala de ativação do exercício, os avisos são repassados para uma grande sala, onde estão as defesas civis do Estado e do município envolvidos, as polícias Civil e Militar, integrantes dos ministérios da Integração Nacional e Saúde e membros do Exército, Aeronáutica e Marinha. O simulado começou efetivamente nesta terça-feira, com as primeiras ações do grupo. Em determinado momento, um dos alertas apontava para 2 mil desabrigados em Itajaí e um deslizamento que teria atingido o presídio local. A partir do aviso, iniciaram as articulações entre os envolvidos para a reação.
— O nosso objetivo é entender como funcionam as ações de cada um para não errar no momento que for real. Queremos ser mais perfeitos treinando. Com esse evento o Estado ganha uma equipe preparada para replicar para o restante de Santa Catarina — explicou o secretário-adjunto de Defesa Civil do Estado, Rodrigo Moratelli.
Ao fim do evento, na sexta-feira, será feito um balanço do que deu certo e errado no simulado. A partir dele, os órgãos pretendem levar lições para os trabalhos em campo nas situações reais. O general da Brigada, Richard Fernandez, que coordena o Exército em Santa Catarina, por exemplo, sabe que o teste deve apontar algumas das falhas de estrutura que a corporação tem para enfrentamento aos desastres.
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Segundo ele, as unidades ainda precisam de equipamentos para desobstrução de vias e melhorias na comunicação durante as ocorrências.
— Temos carências e vamos levantar essas necessidades especiais. E o nosso objetivo aqui também é sistematizar e aperfeiçoar. Somos muito bons em reação, mas precisamos nos antecipar. E esse simulado nos permite estabelecer contatos, conhecendo os envolvidos — destacou Fernandez.
Ação de Forças Armadas depende de etapas
Para que Exército, Aeronáutica e Marinha entrem em ação no combate a desastres naturais, são necessárias que algumas etapas sejam vencidas. Conforme explica o chefe de Fortalecimento e Articulação da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec), Cesar Santana, o acionamento das Forças Armadas é feita quando o município e o Estado envolvidos na ocorrência chegaram ao seu limite de capacidade para resposta ao evento.
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Todas as informações de um desastre são informadas em um sistema compartilhado entre as defesas civis municipais, estaduais e federal. Quando a Sedec percebe que a ocorrência está tomando grandes proporções, são acionados o conjunto de Forças Armadas.
A última vez que o Exército catarinense atuou para resposta a desastres foi no tornado em Xanxerê, em abril passado, quando 200 homens foram designados para a ajuda humanitária. Naquele fato, a estrutura montada foi a mesma que está organizada para o simulado em andamento em Florianópolis.
Entenda
1 – O Exercício Conjunto de Apoio à Defesa Civil (Ecadec) simula a atuação de órgãos do governo Estadual e Federal, além de defesas civis municipais, em reação a desastres naturais. Nesse caso, estão sendo simuladas uma inundação em Itajaí e um acidente químico em São Francisco do Sul.
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2 – O programa do Ministério da Defesa, que promove o evento, se chama Combater. Ele é um software recém-criado que serve de treinamento para as Forças Armadas do Brasil. Parecido com um jogo de computador, o programa simula os eventos em tempo real.
3 – Uma sala de controle emite as informações das ocorrências, que são levadas para um espaço maior onde estão integrantes das Forças Armadas e outros órgãos envolvidos. Todas as ações são em gabinete e não há atuação em campo.
4 – Ao fim do evento, quinta-feira, será feito um balanço com erros e acertos do simulado.