Italianos e alemães vieram no rastro dos portuguesese colonizaram, a partir do fim do século 19, grande parte do interior do Sul catarinense. Os novos desbravadores encontraram o carvão mineral que desenvolveu a indústria local e transformou Criciúma, hoje com 192 mil habitantes, na maior cidade da região.
A Mina de Visitação Octávio Fontana, no Bairro Naspolini, refaz essa linha do tempo da mineração num passeio guiado. É a única do gênero no Brasil e uma das quatro existentes no mundo, segundo os responsáveis. São 320 metros percorridos em 30 minutos por túneis e galerias a 20 metros abaixo da superfície.
Guia apresenta a mina
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Antiga mina de carvão pode ser visitada em Criciúma
O local, desativado desde 1995, foi reformado para garantir segurança. Há pontos onde a altura chega apenas a 1,6 metro. Por isso, é possível escolher entre ir a pé ou sentado em uma mini locomotiva. A administração do local organiza jantares e almoços especiais para grupos de até 50 pessoas que procuram uma experiência diferente dentro da mina. Luzes por todo o espaço ajudam a quebrar a escuridão e a forte ventilação evita a sensação de abafamento.
São 320 metros percorridos dentro da mina
Em Orleans, cidade a meio caminho da Serra e do litoral, o Museu ao Ar Livre Princesa Isabel, sem semelhante no país, mostra como era o trabalho nos primeiros anos das comunidades rurais. Das vestimentas à comida, os pioneiros produziam tudo por meio da força humana, dos animais e da água.
O esforço desses desbravadores permanece gravado nos engenhos, nas ferramentas, na cantina, nos meios de transportes, na olaria, na serraria, entre outras atrações do museu. A maioria das peças é desconhecida pelas mais recentes gerações e ainda funciona, proporcionando uma aula de história in loco fora dos livros didáticos. As edificações contornam o lago da propriedade, e uma balsa puxada a cabo continua como meio de travessia. Uma visita a Orleans pede parada às margens do Rio Tubarão para conhecer os painéis esculpidos em um paredão de pedra, próximo ao Centro. Talhados a cinco metros do chão, eles reproduzem passagens bíblicas.
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Passagens bíblicas no paredão
Sabores germânicos
A gastronomia fez parte da bagagem dos primeiros estrangeiros e permanece até hoje nos cardápios da região. Batata recheada, marreco e cerveja produzida sob a Lei de Pureza Alemã são parte dos sabores do pub da cervejaria Saint Bier, em Forquilhinha, município vizinho de Criciúma.
Batata recheada com camarão e queijo, na Saint Bier
A pequena São Martinho, de 3,2 mil moradores, também virou referência germânica na região. Na comunidade Vargem do Cedro, o clima rural segue na rotina dos moradores que conversam em alemão e moram em casas de estilo enxaimel.
A igreja São Sebastião ostenta arquitetura oriunda da Westphalia, terra natal dos primeiros imigrantes do distrito. Ao lado da igreja, continua em funcionamento há 103 anos a primeira casa comercial de Vargem do Cedro. Os móveis de época, o atendimento e os produtos seguem mantendo o estilo secos e molhados. Cachaças e licores artesanais produzidos no município estão à degustação no local.
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Café colonial trouxe fama à Fluss Haus
Alguns quilômetros à frente, as quase cem opções entre doces e salgados do café colonial da Fluss Haus colocou São Martinho na rota turística. Cerca de 1,5 mil pessoas passam pelo espaço nos fins de semana. As reservas costumam encerrar no meio da semana devido à procura.