Ainda sob o frio da madrugada, centenas de milhares de pessoas seguiam nesta sexta-feira esperando sua vez para ver o corpo do falecido presidente Hugo Chávez, cujo corpo jaz na sede da Academia Militar em Caracas.
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Por toda parte, os venezuelanos aguardam indiferentes ao lixo acumulado em dois dias de peregrinação popular para chegar ao caixão de Chávez e prestar sua última homenagem.
– Não importa quantas horas esperamos, mas vamos ficar aqui até que o vejamos – afirma Luis Herrera, utilizando a boina vermelha popularizada pelo líder venezuelano.
Herrera, um motorista de 49 anos, chegou de um bairro de Caracas no fim da tarde de quinta-feira e à meia-noite ainda estava muito longe de entrar no recinto onde encontram-se expostos os restos do ex-presidente, falecido na terça-feira após uma longa batalha contra um câncer. Seus olhos se enchem de lágrimas ao pensar no que fará quando o vir: “rezarei um pai-nosso para que Deus o receba com os braços abertos”, explica.
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Jogar cartas, cantar e gritar slogans em homenagem ao presidente: tudo é válido para suportar as longas horas de espera para chegar à capela ardente.
Logo, o grito “Eu sou Chávez!” explode na voz de um grupo de manifestantes e se espalha como pólvora entre o resto das pessoas que aguardam na fila.
Vendedores ambulantes percorrem a região vendendo cartazes, bandeiras e fotos de Chávez.
Aos 65 anos, Aura Hernández estava há mais de dez horas na fila, mas não renunciava ao desejo de prestar sua última homenagem ao ex-presidente venezuelano.
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– Dói tudo, mas eu vou – afirma decidida Hernández, uma costureira que agradece a Chávez não apenas por suas duas máquinas de costura, mas “pela liberdade e pela independência” que afirma que ele proporcionou durante seus anos de governo.
Narda Barrios, de 33 anos e membro das milícias criadas por Chávez para defender seu processo revolucionário, adverte o vice-presidente Nicolás Maduro para que “se porte bem com o povo, porque, caso contrário, o povo irá castigá-lo. Haverá consequências”, ressalta esta mulher, com as cores da bandeira venezuelana pintadas no rosto.
Maduro será empossado como presidente nesta sexta-feira, informou o presidente da Assembleia Nacional (Parlamento), Diosdado Cabello. Maduro deverá realizar “o chamado às eleições quando for a hora, de acordo com a Constituição, nos próximos 30 dias”, disse o legislador.
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