“A fé vence o mundo”, expressão usada anteriormente por dom Irineu Roque Scherer, foi citada em sua despedida como representação de uma morte que se dá apenas fisicamente. O espírito, crença, coragem e compaixão do bispo da Diocese de Joinville, que sofreu um infarto fulminante no sábado, aos 65 anos, foram saudados por uma multidão de fiéis ontem, na Catedral São Francisco Xavier, em missa solene que reuniu também familiares, mais de 50 bispos de outras dioceses e políticos, entre eles, o prefeito Udo Döhler e o governador em exercício, Eduardo Pinho Moreira.

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Em clima respeitoso, o caixão de dom Irineu foi acompanhado por uma salva de palmas no trajeto até a cripta do templo, onde jazem Dom Pio de Freitas, primeiro bispo de Joinville, Monsenhor Sebastião Scarzello, Dom Gregório Warmeling e os restos mortais de vários padres.

– Ele foi um grande administrador. Sempre procurou a harmonia. E a isso temos que agradecer. A vida dele foi visitar as comunidades, as paróquias – ressaltou o monsenhor Bertino Weber.

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O religioso que escreveu em seu “testamento espiritual” que se considerava “indígno e despreparado” para exercer a vida episcopal, teve seu ministério reconhecido e homenageado por milhares de pessoas que lotaram a Catedral durante todo o domingo.

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O bispo foi encontrado morto no final da manhã de sábado em sua casa, ao lado do Seminário Divino Espírito Santo, na zona Sul de Joinville. Ele sofreu um infarto agudo no miocárdio. No começo da manhã de sábado, funcionários da Mitra Diocesana estranharam que o bispo, acostumado a acordar cedo para trabalhar, não havia saído de casa, não atendida a telefonemas nem respondia mensagens. Um chaveiro foi chamado para ajudar a abrir a casa e o corpo foi encontrado já sem vida.

O velório começou ainda na noite de sábado, na Catedral. Durante o domingo, três missas de corpo presente foram realizadas, com centenas de fiéis lotando os bancos e as galerias. Em fila, um cordão humano foi formado até o estacionamento da Catedral. Em grupos, integrantes de várias igrejas e comunidades da região fizeram orações e se emocionaram diante do corpo do bispo.

– Como era bom trabalhar com dom Irineu. Ele confiava na gente. Nenhuma pastoral, nenhum movimento vai parar. Ele vai nos dar força – disse o padre José Ademir Ronchi, vigário geral da Diocese.

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Segundo o padre que presidiu uma das três missas do dia, dom Irineu foi a Toledo (PR) nos últimos dias especialmente para rezar diante do túmulo dos seus pais.

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Padre Inácio, irmão de dom Irineu Roque Scherer, chegou por volta das 10 horas ao local com a família do bispo, que viajou do interior do Paraná.

O arcebispo de São Paulo e primo de dom Irineu, dom Odilo Scherer, rezou a missa solene. Logo ao chegar na Catedral, dom Odilo rezou diante do caixão e foi cumprimentado por outros familiares e religiosos. Depois, ao se afastar do corpo mas ainda no altar, lembrou de infância junto com dom Irineu no interior do Paraná.

– A última vez que o vi foi na assembleia da CNBB, no início de maio. Mas enviei mensagens há poucos dias, no aniversário de ordenação episcopal e ele respondeu. Vivemos juntos e a distância era só geográfica. Dom Odilo também disse que os joinvilenses devem ter fé e esperança e valorizar cada momento da vida.

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Um dos momentos mais marcantes que antecedeu a missa solene de despedida a dom Irineu foi a leitura de partes de seu “testamento espiritual”. No texto, com mais de 40 páginas, além de lembrar várias pessoas que passaram pelo seu ministério, ele também faz uma análise de sua fé, de seu comportamento e resume toda sua biografia, da relação com amigos de infância à vida de oração diante das dificuldades do episcopado. A leitura foi feita pelo assessor de comunicação da diocese, padre Ivanor Macieski, e foi muito aplaudida.

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