Apesar de encerrado o prazo do primeiro ciclo do plano estadual de combate ao mosquitoAedes aegypti, as cidades catarinenses ainda enfrentam dificuldades para cumprir as metas. O maior obstáculo são os imóveis fechados, principalmente nas cidades maiores e litorâneas. Da meta de 352.931 residências em SC – número repassado pelos próprios municípios – apenas 78,7% foram vistoriados.
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O prazo inicial era até 12 de fevereiro, porém o Ministério da Saúde acabou prorrogando para o final do mesmo mês. Agora as cidades têm até 11 de março para cumprir o segundo ciclo, ou seja, revisitar todos os imóveis nos bairros infestados. Dos 28 municípios que participam das ações, 16 conseguiram cumprir a meta em 100% e já iniciaram ou estão prestes a iniciar o segundo ciclo. Os demais já começaram o outro ciclo, mesmo tendo imóveis fechados pendentes ainda da primeira fase.
O coordenador estadual do Programa de Controle da Dengue da Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina ( Dive SC), João Fuck, explica que a orientação é reiniciar as vistorias e continuar tentando recuperar os imóveis que não puderam ser vistoriados:
— A orientação é buscar o máximo de recuperação possível, com horários diferenciados, ou utilizar a medida provisória 712, do governo federal [ que permite o ingresso forçado]. Mas não adianta ficar tentando recuperar e não sair do lugar. Então orientamos a deixar o imóvel como pendente e tentar no segundo ciclo.
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Fuck ressalta que as cidades maiores e litorâneas enfrentam mais dificuldade com imóveis fechados e que as recusas representam número pouco significativo. No último balanço da Sala Nacional de Coordenação e Controle para o Enfrentamento da Dengue, Chikungunya e Zika ( SNCC), divulgado na segunda-feira, SC aparecia com 70.373 imóveis fechados ou com recusa.
Itapema, por exemplo, já iniciou o segundo ciclo, mas ficaram pendentes 8.315 moradias fechadas e houve 355 recusas. O secretário municipal de Saúde, Éverton Ricardo da Silva, considera impossível atingir os 100% porque a cidade está com o registro de imóveis desatualizado e por isso a quantidade de residências encontradas em campo não correspondem ao que estava previsto.
Além disso, a sazonalidade e a grande quantidade de imóveis para aluguel de temporada dificultam as visitas. Florianópolis, dentre as cidades que enviaram os dados, é a única que não encerrou o primeiro ciclo. A cidade finalizou as visitas no Estreito, em Canasvieiras e em Capoeiras. No Monte Cristo e na Coloninha foi feita a varredura em aproximadamente 80% dos imóveis. Porém, os agentes encontraram cerca de 13% dos imóveis fechados e recusa em 2% deles. Não há punições previstas aos municípios que não cumprirem as metas de vistoria.
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— Se não cumprir a meta quem vai estar exposto aos riscos são os municípios e a própria população – reforça João Fuck.
Situação de Pinhalzinho e Chapecó preocupam
Em função do avanço nos casos de dengue, Chapecó decretou situação de emergência há uma semana. A cidade acumulou nos últimos 15 dias 27 casos autóctones – infectados dentro da cidade – e 13 importados de dengue. A secretária municipal de Saúde, Caroline Constanci Bettanin, lembra que no ano passado foram 34 casos autóctones e 13 importados, registrados em abril e em um único bairro.
— A nossa dificuldade é conter a transmissão viral, porque os focos estão espalhados em várias regiões. No ano passado, foi um surto num único bairro. E ainda temos muitos dias de verão pela frente — afirma a secretária.
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Além disso, a cidade tem 136 casos de dengue em investigação e registrou dois casos importados de zika vírus na última semana. Para conter o avanço das doenças, a aposta é identificar e eliminar criadouros. Da meta de 90 mil imóveis a serem vistoriados, a cidade só conseguiu atingir 70%, principalmente devido às residências fechadas.
A secretária explica que imagens de drone são usadas para analisar a situação nos lugares abandonados. Já nos terrenos baldios, um decreto exige a limpeza pelos proprietários em até 48 horas, senão serão multados e deverão arcar com as despesas do trabalho de limpeza de uma empresa terceirizada. Com a situação de emergência decretada, a prefeitura já autorizou a contratação de mais 10 novos agentes de endemia, que se somam aos 90 que já estão trabalhando nas vistorias.
Equipes da Secretaria de Estado da Saúde também estão aplicando inseticida a ultrabaixo volume ( UBV) em diversas regiões da cidade, onde foram confirmados casos de transmissão viral.
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Já em Pinhalzinho, que também decretou situação de emergência, a conscientização é um dos principais obstáculos.
— A maior dificuldade é o cidadão entender que não existe a possibilidade de alguém fazer por ele – ressalta a secretária de Saúde de Pinhalzinho, Aida Silva.
De dezembro até sexta- feira, a cidade tinha 380 casos confirmados de dengue. A secretária defende que o número de novas notificações têm diminuído, mas o tratamento ainda preocupa, pois os pacientes não têm dado a devida atenção às orientações médicas, como se hidratar por exemplo. Até a situação se normalizar, um médico extra deve permanecer na cidade.
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