Em entrevista concedida por e-mail a Zero Hora, Jayme Monjardim falou sobre a adaptação de O Tempo e o Vento para a televisão:
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Zero Hora – A microssérie vai seguir a estrutura narrativa do filme (a partir do olhar em retrospectiva de Bibiana) ou o que veremos de conteúdo extra dará uma cara muito diferente ao trabalho?
Jayme Monjardim – Vamos seguir o princípio segundo o qual a Bibiana narra os acontecimentos da história a partir da sua visão, no sobrado cercado, acrescentando uma nova geração que, no filme, foi apenas citada – a de Bolívar, Luzia e Florêncio. A única diferença será na linguagem, pois trata-se de uma minissérie de televisão estruturada a partir de três capítulos, que foram divididos de acordo com três fases, ou momentos da história: Ana Terra, Capitão Rodrigo e Bolívar. Não retiramos nada em especial que faça diferença na narrativa. Pelo contrário, incluímos conteúdo. É mais ou menos o que se viu no filme, com a diferença de que o núcleo do Bolívar ganhará corpo.
ZH – O desempenho do filme nos cinemas, as impressões colhidas com pessoas que o assistiram, a forma geral como ele foi recebido, tudo isso pesou nas escolhas que você fez para transformá-lo nesta microssérie ou você já tinha tudo na cabeça desde antes, na concepção do projeto?
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Monjardim – Quando fazemos uma produção cinematográfica, pensamos também nas possibilidades de essa obra ser exibida em outras plataformas. Como havia um núcleo muito bacana pouco usado, além do material bruto que era bastante extenso, mesmo após o filme ficamos com muito material inédito. Isso fez com que, na microssérie, a trama tivesse uma abrangência maior, possibilitando um conteúdo realmente diferenciado para ser exibido apenas na televisão.
ZH – Teve algo entre o que “sobrou” do material visto no filme que você tenha sentido mais por deixar de fora, e que agora pôde resgatar?
Monjardim – Sim: inicialmente, não pensávamos em retirar a geração de Bolívar, Luzia e Florêncio, que acabou saindo do filme por diversos motivos. Mas, como havia essa possibilidade de fazermos uma minissérie, foi mais fácil se desapegar da sequência, pois sabíamos que a utilizaríamos na televisão.
ZH – Como você avalia a repercussão do filme? Te decepcionaram os números de bilheterias? E a estratégia de lançamento, primeiro no Rio Grande do Sul, depois no restante do país, foi aprovada?
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Monjardim – A estreia no Rio Grande do Sul, antes de outras praças no Brasil, se deu, além da minha relação e do respeito que tenho pelo Estado, pelo fato de homenagear o gaúcho numa data tão importante que foi o 20 de setembro (nas outras capitais o filme estreou uma semana depois). O povo gaúcho merecia essa exclusividade, e o resultado se refletiu nas salas de cinema, que estiveram lotadas até pouco tempo atrás por todo o Estado. Para um épico, gênero quase não explorado pelo cinema nacional, ainda mais hoje, uma época de muitas comédias, podemos dizer que tivemos um resultado excelente nas bilheterias.