Cozinhar para criança não é fácil. Tem aquelas que comem igual passarinho. Outras, pedem bis às “tias”. Independentemente dos perfis de alimentação, uma coisa é certa: os pratos precisam ser cheirosos, coloridos e saborosos – agradando, assim, olfato, visão e paladar dos pequenos. São exatamente essas características que alunos, professores e chefs de cozinha do curso de Gastronomia da Estácio querem ensinar à cerca de 400 merendeiras de 130 unidades escolares – Escolas Básicas, Desdobradas, Creches e Núcleos de Educação Infantil – da rede de Educação de Florianópolis ao longo desta semana.
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Segundo a coordenadora do projeto de extensão da universidade, Elizabeth Mena Diamantopoulos, a ideia é capacitar as profissionais em duas frentes: preparo e apresentação.
– Queremos aprimorar o básico de cozinha dessas merendeiras, fazendo com que elas usem técnicas melhores na preparação, para que lá na frente o prato montado seja mais bonito e saboroso. É a qualidade sensorial, importante às crianças, porque elas comem com olhos, nariz, boca e até ouvido, porque se um coleguinha diz que o prato está ruim, o outro não vai nem olhar – diz.
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Técnicas simples
As técnicas ensinadas são simples e focam em procedimentos que vêm sendo executados de maneira errada há muito tempo.
– Só para dar um exemplo: muitas pessoas iniciam a carne moída refogando a cebola e o tomate. Mas o correto é selar primeiramente a carne e, depois, acrescentar o refogado. O resultado final é um prato muito mais saboroso – defende a chef e nutricionista Elizabeth.
Nutricionistas, professores, alunos e chefs de cozinha também abordam conteúdos sobre aproveitamento integral dos alimentos, uso de peixes e frutos do mar, ideias de preparações para festividades e receitas sem lactose ou glúten. Aproximadamente 40 novas opções de cardápios serão testadas a cada dia, e as receitas posteriormente encaminhadas às escolas.
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– Observamos que o número de crianças com alguma restrição alimentar está aumentando, então precisamos estar preparadas para atendê-las. O curso é importante para isso e também para desmistificar o uso de algum alimento que, por vezes, não tem tanta aceitabilidade. O atum é um exemplo disso. E a lentilha, que será incorporada ao cardápio em agosto, também é um exemplo da necessidade desse teste – explica a nutricionista da empresa contratada pela prefeitura, Lidiamara Dornelles.
Elas aprovam
Desde o início do ano, Isabel Torres da Silva é merendeira volante – aquela que substitui as faltantes – na creche Nossa Senhora de Lourdes, na Agronômica. Para ela, o curso é importante para aprender a cozinhar melhor e para variar o cardápio.
– Eu sou nova nesse trabalho, né? Então tenho muito a aprender ainda. O curso está sendo bom para ver que é possível fazer mais e melhor com os alimentos disponíveis – avalia.
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Já a profissional Karine Leite dos Santos, que atua na Escola Osvaldo Galupo, no Morro do Horácio, é “rata” de cozinha. Até ser merendeira, ela trabalhava em restaurante, mas lembra que são desafios completamente diferentes.
– É um desafio cozinhar em escolas. Precisamos de várias receitas para não cair na monotonia. Vou levar para casa muitas opções aprendidas aqui – avalia, enquanto retira do forno um bolo sem glúten feito com farinha de arroz em formato de coração.
Na última terça-feira, 50 merendeiras foram as primeiras a recebere o curso. Elas se dividiram em dez grupos e tiveram 1h30min para executar em média cinco receitas cada. Na degustação, pouca conversa e muito “hummm” comprovaram a aceitação dos pratos.
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