O enterro do menino que morreu afogado no Rio Lajeado, em Xaxim, Oeste de SC, após ser levado pela correnteza, está previsto para as 9 horas desta sexta-feira, no Cemitério Municipal de Faxinal dos Guedes.

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Na tarde chuvosa de quarta-feira, Alex Antônio de Sá quis acompanhar o tio que foi buscar as vacas para ordenha. O menino de 11 anos era muito apegado ao tio Jocenir Soares Antunes. Tanto que estava há cinco dias na casa do tio. Na fazenda onde Antunes trabalhava tinha animais, trator e o rio, onde normalmente sua profundidade não passava da canela.

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Para buscar as vacas, os dois atravessaram o rio. Na volta, o nível começou a subir de repente, em razão das fortes chuvas que ocorreram na região. Em apenas um dia, o volume foi o mesmo de um mês inteiro, próximo de 200 milímetros.

Jocenir achou perigoso o sobrinho atravessar o local sozinho e o colocou nas costas. Mas, com a força da água, o tio escorregou durante a travessia e caiu na água. Bateu contra uma pedra e se desprendeu do menino. Ambos foram levados por cerca de cinco metros. Anderson conseguiu se agarrar numa árvore, próximo à uma cachoeira com 2,5 metros de altura. O tio tentou encontrar o menino, mas a força da água era muito forte e ele não conseguiu. O menino foi levado pela correnteza e desapareceu.

Os bombeiros de Xaxim foram chamados mas, depois de algumas horas, desistiram, para voltar no dia seguinte. Os familiares não aguentaram a espera. Acordaram às cinco horas da manhã desta quinta-feira e foram até o local. Quando os bombeiros chegaram, a família já havia encontrado o corpo de Alex próximo a um tronco, sem a roupa, que foi levada pela força da água. O corpo estava com poucos ferimentos. Um familiar o enrolou na jaqueta. O corpo foi levado para a casa do tio e colocado no sofá, até a chegada do Instituto Geral de Perícias.

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-Ele estava gelado – lembrou a mãe Roseli Antunes de Sá, entre lágrimas.

Ela vai guardar como lembrança do filho que gostava de brincar com bodoque. O filho jogava bola com os amigos, mas sempre estava em casa antes das 18 horas. Ele era pontual na saída para a escola, pois não queria se atrasar. Gostava de ir na avó Jandira comer pão com chimia. E se servia duas vezes só para sobrar comida para o cachorro Amarelo, animal de rua que adotou e que o acompanhava para a escola Airo Ozelame, onde cursava o quinto ano.

Nesta quinta-feira, Amarelo estava deitado ao lado da casa do menino, no bairro João José Ghelen, onde morava com os pais, a irmã caçula, Nelciane, sete anos, e Jeferson, 16. Enquanto aguardava a liberação do corpo para o velório no Salão Comunitário da Igreja Católica do bairro, Roseli lembrava que o filho não gostava de dia chuvoso.

– Ele tinha trauma de relâmpago – afirmou.

Muitas vezes, quando chovia, Alex chamava a mãe, pois tinha medo de escutar as trovoadas. Às vezes saía para dar uma espiada e ver se não iria chover. E foi num dia chuvoso que ele acabou perdendo a vida. Outro tio, Jocimar Soares Antunes, disse que em dezembro esteve com o sobrinho no mesmo rio.

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– Ele morreu no mesmo local em que brincava – recordou o tio.

Alex gostava de pegar os fones de ouvido do tio, que é DJ, e disse que iria seguir a profissão do tio. Em outras, dizia que iria ser policial. A mãe, disse que o tio do menino teve alguns ferimentos e está medicado. Ele foi levado primeiro ao Hospital Frei Bruno, em Xaxim, e, posteriormente, ao Hospital São Paulo, em Xanxerê. Mas dor maior é interna. As últimas palavras que ouviu do sobrinho foram o pedido de socorro. E Jocenir sente culpa pelo que aconteceu.

– Ele não se conforma, mas jamais vou culpar ele – disse Roseni.