Especialistas em transporte aéreo avaliaram como paliativas as medidas anunciadas pela Anac nesta segunda-feira para evitar o caos nos aeroportos no fim do ano. Para o professor de transporte aéreo da UFRJ Respicio Espirito Santo, as propostas são “uma operação tapa-buraco”. Na avaliação de Espirito Santo, podem ocorrer problemas em dezembro quanto à qualidade de serviços nos aeroportos em função da falta de preparo dos órgãos e companhias para atender a um novo tipo de passageiro.

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– Várias pessoas que nunca viajaram antes estão agora tendo a oportunidade. Essas pessoas não têm o costume de passar por raio-x, de se orientar dentro de um aeroporto, então as companhias e os órgãos de transporte deveriam estar perguntando a esses grupos o que eles precisam para melhor se orientar. Por que não colocar pessoas em contratos temporários, como vários aeroportos no Exterior fazem, próximo de megaeventos, para servirem como guias dentro do aeroporto, tiradores de dúvidas?

Você sofreu com o caos aéreo em fins de ano anteriores? Fará algo diferente em 2010?

De acordo com Espirito Santo, esse tipo de planejamento deveria ser discutido não apenas com a proximidade do fim do ano.

– Por que não se está fazendo um planejamento olhando para cinco ou dez anos? Todo ano a gente sai correndo, reúne todo mundo e decide o que vamos fazer no final do ano.

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Para o professor de Logística da Fundação Getulio Vargas Renaud Barbosa, as escalas de tripulantes e a concentração de voos em poucos aeroportos do país estão entre os principais entraves que podem levar a dificuldades na temporada de Natal e Réveillon.

– O grande problema é que não temos uma infraestrutura aeroportuária que comporte o aumento de demanda. As medidas são elogiáveis porque demonstram preocupação com o passageiro. A eficácia delas é que olho com bastante reserva. Os principais aeroportos do país trabalham com sobrecarga. Se acontece algo em um deles, há reflexos em todo o país.

Problemas como overbooking e falta de informações nos balcões de check-in devem se repetir, na avaliação do professor.

– Os conflitos ocorrem não com a aeronave no pátio mas no balcão do check-in, quando os funcionários não sabem informar os passageiros em seus questionamentos. O gargalo é o atendimento. Uma das soluções é estimular o check-in avançado. Mas isso não pode ser feito em novembro para implantar em dezembro. Quanto ao overbooking, o problema é que você não tem alternativas para oferecer ao passageiros em um espaço de menos de três horas. As duas maiores companhias concentram a maior oferta de voos.

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