A Polícia Civil em Joaçaba, no Meio-Oeste de Santa Catarina, apresentou nesta terça-feira a conclusão do inquérito que investiga a morte de três pacientes após exames de endoscopia, em maio do ano passado.

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O médico responsável pela clínica, Denis Conci Braga, será indiciado por homicídio culposo (quando não há intenção de matar) e lesão corporal culposa. Na época, além das três mortes, outros dois pacientes tiveram complicações graves após o exame.

Segundo o delegado Maurício Pretto, a causa das mortes está relacionada ao uso indevido da lidocaína. Para a polícia, o médico teria agido com imprudência – ao deixar de observar as normas técnicas da profissão – e também imperícia, por usar a substância em forma inadequada.

Isso porque a lidocaína utilizada nos pacientes estava em forma de pomada, quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) orienta o uso de spray, na resolução 244 de 30 de agosto de 2005.

Na visão de Pretto, foi esse uso indevido que causou a intoxicação e as complicações nos pacientes:

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– Os exames realizados nas duas pacientes que morreram após o exame indicaram doses tóxicas e letais de lidocaína no sangue e no suco gástrico.

O médico Denis Conci Braga, responsável pela Clínica Conci, teria dito à polícia que já teria realizado outros exames deste tipo e nunca registrou problemas.

Uma das alegações da defesa de Conci é que a quantidade dos componentes da pomada de lidocaína ingerida pelos pacientes estivesse errada. Os laudos anexos ao inquérito mostram que as bisnagas continham a quantidade indicada na bula.

O documento tem 300 páginas e será encaminhado ao Poder Judiciário ainda nesta terça-feira.

IGP não concluiu laudos

Quatro laudos solicitados pela polícia de Joaçaba ao Instituto Geral de Perícias (IGP) de Florianópolis não foram concluídos. O órgão enviou um ofício ao delegado Maurício Pretto, no dia 7 de janeiro, alegando que o equipamento necessário para as análises estaria quebrado.

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Os medicamentos que haviam sido enviados à Capital foram devolvidos à polícia do Meio-Oeste, que não descarta envia-los a um laboratório credenciado em outro Estado.

Conforme Pretto, as substâncias não teriam ligação direta com a causa da morte dos pacientes, mas podem servir de alegação para a defesa do médico.

– A defesa pode alegar que o problema está nos medicamentos que não foram analisados. Não há relação aparente com as mortes, mas sempre podem existir reações medicamentosas – frisa.

Os medicamentos que não foram analisados pelo IGP são 43 ampolas de Compaz/Diazepan, dois fracos, de 90 cápsulas cada, Midalozan e Diazepan, um frasco de 11 cápsulas de Midalozan e Diazepan e o líquido utilizado para desinfecção (composto de glutaraldeido 2%).

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