Há seis meses, um dos oito ônibus que realiza o transporte dos alunos da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Florianópolis está parado na oficina esperando conserto. Sem dinheiro para a troca das peças no valor de R$ 12 mil, a instituição se vira como pode com os outro sete, alterando rotas e pedindo a colaboração dos pais que podem levar os alunos até o local.

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A maior parte das 520 crianças e jovens atendida nos projetos da Apae necessita dos ônibus para ir e voltar todos os dias. Com deficiências físicas e intelectuais, e muitos em famílias sem condições financeiras, o transporte coletivo comum não é uma opção para os alunos.

O ônibus parado na oficina é o reflexo de toda a frota da Apae: veículos antigos, alguns com mais de dez anos. São dois ônibus de 2001, três de 2013 (o que está quebrado é deste ano), dois de 2005 e um de 2011.

(Foto: Diorgenes Pandini / Agencia RBS)

A presidente da Apae, Elizabeth Teresa Donato das Neves, conta que os problemas são recorrentes: já aconteceram várias vezes de apresentarem problemas no meio do trajeto e precisarem ser socorridos por um outro reserva. Nestes casos, quando o conserto demora muito, a Apae adapta as rotas, mas já tiveram situações em que precisaram fazer revezamento dos alunos:

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— Já aconteceu de alunos ficarem uma semana sem vir para cá pois não tínhamos como buscar. Quando dá a gente junta duas rotas, mas fica muito complicado, os alunos ficam horas rodando e chegam atrasados para os projetos — explica.

A situação só não é pior porque o supervisor de transporte, Carlos Alberto Viepert, dá uma de mecânico e improvisa nos consertos:

— O elevador do ônibus que faz a rota Sul/Centro quebrou, mas como temos muitos cadeirantes e são pesados, troquei pela peça do ônibus Norte/Leste que tem menos cadeirantes e mais leves, daí o monitor consegue carregar.

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Contrato de manutenção preventiva

(Foto: Diorgenes Pandini / Agencia RBS)

Em abril de 2016, a Secretaria de Mobilidade Urbana, o Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Passageiros da Grande Florianópolis (Setuf) e o Grupo DVA firmaram parceria para realizar manutenção da frota de veículos da Apae, possibilitando a continuidade do serviço que estava ameaçado por falta de verba. No entanto, o contrato não abrange consertos mais caros, somente manutenção preventiva.

— Nosso desejo é que a Prefeitura assuma o transporte do alunos, como acontece em outras cidades de Santa Catarina. Só de combustível gastamos R$ 20 mil por mês, recurso que não temos — explica.

A Apae da Capital é a maior do Estado, e uma das mais afetadas com a diminuição de repasses por parte do Governo Estadual nos últimos cinco anos. Além deste recurso, a instituição se mantém por doações e a Feira da Esperança, mas sofreu um baque neste ano pois a Receita Federal não doou as mercadorias apreendidas que eram vendidas no evento.

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Contraponto

Por meio da assessoria de comunicação, a Secretaria de Mobilidade Urbana informou que o veículo que está parado apresenta problemas de fabricação, sendo que a questão deve ser resolvida entre a Apae e o fabricante do ônibus.

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