Dentro do avião, de volta da audiência com a presidente Dilma Rousseff, em Brasília, o árbitro Márcio Chagas viajou a Porto Alegre na expectativa de conhecer o resultado do julgamento do caso de racismo que ocorria no Tribunal de Justiça Desportiva (TJD). Quando desembarcou no aeroporto Salgado Filho, às 22h45min de quinta-feira, soube do veredito e desabafou:
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– Que lamentável! Os caras (do Esportivo) devem ter saído rindo do tribunal – disse o árbitro.
Em seguida, Márcio passou a receber telefonemas dos colegas de todo o país. Estavam revoltados com a pena que prevê apenas multa e perda de cinco mandos de campo ao clube.
– Era a oportunidade de dar um exemplo contra esses insultos. O que mais é preciso acontecer em um estádio de futebol? Daqui a pouco vai haver uma tragédia – acrescentou.
Márcio Chagas não acredita que a sua ausência no julgamento tenha contribuído para a decisão por ele considerada branda. Segundo ele, seus vários depoimentos durante os últimos dias já serviam de provas.
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– Na quinta-feira, eu recebi carta da Presidência para comparecer à audiência no Planalto. Não tinha como negar. E o TJD aceitou a ausência porque a minha posição já era fartamente conhecida. Os auditores tomariam a mesma decisão, mesmo na minha frente. O que eles fizeram? Apenas justificaram alguma coisa à sociedade. Quem vai fiscalizar o pagamento dos R$ 30 mil? – disse mais.
Também nada foi decidido com relação ao prejuízo no seu carro, que foi amassado e arranhado em local privado do Esportivo, em Bento Gonçalves:
– Eu vou ter de pagar os reparos no meu carro? Ninguém pensou nisso?
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