Bandeiras com as cores do arco-íris e cartazes com mensagens de “fora Feliciano” e “homofobia não é doença” integraram um protesto contra o projeto conhecido como “cura gay” e o polêmico deputado Marco Feliciano (PSC-SP). Por volta do meio-dia desta quarta-feira, grupos em defesa dos direitos homossexuais se reuniram na Esquina Democrática, no centro de Porto Alegre, e utilizaram um megafone para expor os motivos da manifestação.

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– Feliciano não nos representa, Feliciano faz mal ao país – disse Roberto Seitenfus, do Grupo Desobedeça, para todas pessoas que apressadas passavam pelo movimentado cruzamento no Centro.

Para ele, o projeto conhecido como “cura gay” – que permite que psicólogos promovam tratamentos em busca da reversão da orientação sexual das pessoas – é um retrocesso e deve resultar na saída do deputado Feliciano, que preside a Comissão de Direitos Humanos e Minorias e trouxe o assunto para votação. Em uma faixa amarela, a frase “quem derrubou o aumento vai derrubar o Feliciano” mostrava o tom do protesto que reuniu cerca de cem pessoas. Por volta das 13h, o beijo de dois casais animou a manifestação, que respondeu com aplausos.

Aprovado no dia 18 na Comissão de Direitos Humanos e Minorias na Câmara dos Deputados, o projeto “cura gay” passará ainda por duas comissões antes de ir a plenário. Pela proposta, fica suspenso trechos de resolução do Conselho Federal de Psicologia (CFP), de 1999. Ela anula, por exemplo, o parágrafo único que diz que “os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades”. O Conselho já se manifestou contra o projeto.

– Não se pode curar o que não é doença – defende Carla Baptista, representante do grupo Outra Visão.

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Atualmente, líderes da Câmara tentam levar o projeto diretamente para votação em plenário, onde deve ser rejeitado por causa da pressão popular contra a proposta e contra o polêmico deputado Marco Feliciano (PSC-SP), presidente da comissão que o aprovou.

Em vídeo, confira a manifestação:

Feliciano diz agora que não existe ‘cura gay’

O presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, deputado Marco Feliciano (PSC-SP), divulgou um vídeo na internet para defender o projeto que ficou conhecido como “cura gay”, aprovado na semana passada pelo colegiado.

Na gravação, o pastor faz questão de ressaltar que o projeto não é de sua autoria, mas do deputado João Campos (PSDB-GO), também da bancada evangélica. Apesar de o projeto abrir uma brecha para o “tratamento” de gays, o deputado Feliciano afirma, no vídeo, que homossexualidade não é doença.

“Não existe cura gay, porque homossexualidade não é doença”, diz o deputado. Ele continua: “Mas não podemos tolher o direito de um profissional, como um psicólogo, de estudar um assunto que ainda não se colocou nele um ponto final, ainda é uma incógnita, ainda é um fenômeno”.

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Confira o vídeo: