Contrários a um possível aumento de 15% na passagem de ônibus em Criciúma, no Sul do Estado, manifestantes liberaram a entrada do Terminal Central da cidade por cerca de meia hora no fim da tarde desta quarta-feira. O protesto, que reuniu aproximadamente 40 pessoas no Centro a partir das 18h, terminou uma hora e meia depois sem incidentes graves ou conflitos.

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A proposta que deve ser avaliada pelo prefeito Márcio Búrigo a partir desta quarta-feira é aumentar o preço da passagem para R$ 3,17 no cartão e R$ 3,48 em dinheiro – atualmente, os valores são de R$ 2,47 no cartão e R$ 2,95 em dinheiro. A justificativa das empresas é uma suposta diminuição do número de passagens vendidas nos últimos meses.

Os manifestantes discordam dos dados apresentados e convocaram um protesto para a tarde desta quarta-feira. Eles partiram da Praça Nereu Ramos por volta das 18h e caminharam até o Terminal Central, onde promoveram um “catracaço” – quando a catraca do terminal é liberada e passageiros são estimulados a não pagarem a passagem.

(Foto: Caio Marcelo/Agência RBS)

Foto: Caio Marcelo/Agência RBS

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Um manifestante chegou a quebrar, a chutes e socos, uma grade ao lado das catracas para aumentar o espaço de entrada. Neste momento, não havia policiais ou seguranças do terminal no local. O catracaço também não foi impedido pelas autoridades policiais e terminou perto das 19h30min, sem registro de nenhum manifestante detido.

Empresas afirmam acumúlo de prejuízos

As empresas do transporte de Criciúma afirmam que o número de passagens vendidas caiu aproximadamente 10% em um ano, o que diminiu a arrecadação e dificulta o serviço. A reportagem fez contato com a assessoria da Expresso Forquilhinha, a maior empresa responsável pelo transporte coletivo da cidade, que por enquanto prefere não se manifestar a respeito do aumento.

O presidente da Autarquia de Segurança e Trânsito do de Criciúma (ASTC) Giovani Zapellini aponta que as planilhas que mostram as explicações das empresas para o aumento foram apurados em um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) junto ao Ministério Público Estadual (MP-SC).

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– Nesse termo diz tudo que entra na planilha, acordada no TAC. Os insumos e custos são planilhados mês a mês e ano a ano demonstram os valores do transporte coletivo.

Movimentos sociais contestam a validade dos dados apresentados. Segundo Vinicius Monteiro, presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc) e integrante do movimento #VemPraRuaCriciúma, estes números são fornecidos pelas próprias empresas e há espaço para adulterações, já que não há nenhum tipo de fiscalização.

– Se realmente tivesse havido uma diminuição tão grande no número de passageiros, não veríamos os ônibus cada vez mais lotados.

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Caso seja aprovada, a nova tarifa entra em vigor na segunda quinzena de julho. Zapellini ressalta que, em função de o valor não ter sido arredondado para R$ 3 no reajuste do ano passado, a falta de moedas de R$0,05 gerou um déficit próximo de R$ 500 mil. Caso o valor seja arredondado este ano, haverá um superávit inicial, previsto para compensação no próximo reajuste.

Estudantes propõem subsídio do transporte coletivo

Monteiro defende uma das propostas levantadas pelo DCE da Unesc, que é a criação de um fundo municipal para subsídio do transporte público. A ideia é taxar estacionamentos privados e rotativos, especialmente no Centro de Criciúma, para diminuir o valor pago por quem pega ônibus.

– É um ciclo vicioso: as pessoas deixam de pegar ônibus porque o preço da passagem está alto, e isso causa um novo aumento, o que leva mais gente a desistir do transporte público. Vai na contramão da mobilidade urbana – afirma Vinicius Monteiro.

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(Foto: Caio Marcelo/Agência RBS)

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