Usuários do transporte público e movimentos sociais de Criciúma, no Sul do Estado, planejam para esta quarta-feira uma manifestação contra o possível aumento de 15% nas passagens de ônibus na cidade. As empresas afirmam que o número de passageiros vem caindo, o que diminui a arrecadação e causa dificuldades à manutenção do serviço. Os movimentos contestam a validade dos dados apresentados.

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A proposta das empresas, que será avaliada pelo prefeito Márcio Búrigo a partir desta quarta-feira, é aumentar o preço da passagem para R$ 3,17 no cartão e R$ 3,48 em dinheiro – atualmente, os valores são de RS2,47 no cartão e R$ 2,95 em dinheiro. Segundo os dados apresentados, o número de usuários do transporte caiu aproximadamente 10% em um ano.

O presidente da Autarquia de Segurança e Trânsito do de Criciúma (ASTC) Giovani Zapellini aponta que as planilhas que mostram as explicações das empresas para o aumento foram apurados em um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) junto ao Ministério Público Estadual (MP-SC).

– Nesse termo diz tudo que entra na planilha, acordada no TAC. Os insumos e custos são planilhados mês a mês e ano a ano demonstram os valores do transporte coletivo – disse.

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Além das planilhas, o prefeito também deve receber críticas dos movimentos que contestam o valor. O Movimento dos Usuários do Transporte Coletivo de Criciúma (Mutuc) e o #VemPraRuaCriciúma, que contestam o aumento, convocam moradores da cidade para um protesto nesta quarta-feira, às 18h, na Praça Nereu Ramos, ao lado do terminal central. Na última sexta, o Mutuc convocou uma coletiva de imprensa para manifestar publicamente a rejeição aos dados apresentados.

Segundo Vinicius Monteiro, presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc) e integrante do movimento #VemPraRuaCriciúma, estes números são fornecidos pelas próprias empresas e há espaço para adulterações, já que não há nenhum tipo de fiscalização.

– Se realmente tivesse havido uma diminuição tão grande no número de passageiros, não veríamos os ônibus cada vez mais lotados – afirma.

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Zapellini refuta a impressão, com dados colhidos das planilhas que mostram a venda de cerca de 35 mil passagens no mês de maio de 2014, que representa queda significativa em relação a maio do ano passado.

– O DCE fala em 120 mil usuários, mas foram vendidas apenas 35 mil passagens. O número se refere a passagens, não usuários. Às vezes o usuário usa quatro passagens no dia – aponta.

Caso seja aprovada, a nova tarifa entra em vigor na segunda quinzena de julho. Zapellini ressalta que, em função de o valor não ter sido arredondado para R$ 3,00 no reajuste do ano passado, a falta de moedas de R$0,05 gerou um déficit próximo de R$ 500 mil. Caso o valor seja arredondado este ano, haverá um superávit inicial, previsto para compensação no próximo reajuste.

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A reportagem fez contato com a assessoria da Expresso Forquilhinha, a maior empresa responsável pelo transporte coletivo de Criciúma, que informou que, por enquanto, prefere não se manifestar a respeito do aumento.

Proposta do DCE

Monteiro defende uma das propostas levantadas pelo DCE da Unesc, que é a criação de um fundo municipal para subsídio do transporte público. A ideia é taxar estacionamentos privados e rotativos, especialmente no Centro de Criciúma, para diminuir o valor pago por quem pega ônibus.

– É um ciclo vicioso: as pessoas deixam de pegar ônibus porque o preço da passagem está alto, e isso causa um novo aumento, o que leva mais gente a desistir do transporte público. Vai na contramão da mobilidade urbana – afirma Monteiro.

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