A perfeição é algo que passa longe do futebol. O que faz diferença no esporte é dedicação somada ao talento. Argel Fucks aprendeu isso ainda muito jovem, quando era jogador nas categorias de base do Internacional. Depois de 15 clubes na carreira de treinador, parece que o comandante do Figueirense alcançou a maturidade necessária para levar a carreira a um novo patamar. Em busca do primeiro título como técnico, o ex-atleta encontrou em Florianópolis um lugar acolhedor. Mas, para isso, ele precisou quebrar algumas barreiras. A desconfiança quando foi contratado em 2014 era grande. Depois de salvar o clube do rebaixamento, o treinador aceitou o convite para continuar no Alvinegro, apesar de ter recebido propostas de outros clubes, incluindo o gigante Botafogo.

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Argel não quer pular de galho em galho, e no Figueira procura colocar em prática o que a maturidade lhe ensinou. Nos bastidores, se fala que a grande diferença do treinador nesta nova fase no clube para sua primeira vez em 2012 é a administração do grupo. Desta vez, ele domina o vestiário sem resistência, o que somado ao trabalho tático e técnico dos treinos lhe deu uma oportunidade de sonhar com o título do Campeonato Catarinense.

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Diário Catarinense – Essa temporada será diferente por você começar um trabalho ao invés de dar seguimento a algo no meio do campeonato?

Argel Fucks – Nos últimos anos não tive a oportunidade de começar nenhum trabalho. Foi assim no Criciúma e na Portuguesa. Mas isso também não é novidade, já comecei trabalhos desde o início. É muito difícil você chegar e implementar em um clube sua filosofia e estilo de trabalho durante um campeonato, onde temos jogo em cima de jogo.

DC – Qual a vantagem de continuar no Figueirense?

Argel – Os jogadores também quiseram ficar no clube, só saiu aqueles atletas impossíveis de segurar. Desta vez eu também fiz questão de continuar no clube, eu tinha proposta para sair, mas eu não quero ficar pulando de galho em galho. Estou em um clube que tem estrutura e condições de um bom trabalho, além de um lado financeiro correto. Quero dar continuidade ao trabalho que comecei em junho do ano passado.

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DC – O seu grupo é jovem, mas tem vários jogadores versáteis, não?

Argel – Essa versatilidade dos jogadores é importante para o treinador. Você não pode é se apegar a um esquema tático. Todo treinador tem uma preferência de um sistema, mas não pode ser igual a cavalo e olhar só para frente.

DC – Qual será a maior dificuldade no Catarinense?

Argel – O campeonato será o mais difícil dos últimos anos. A primeira fase para nós será para acertar o time, isso porque não importa se você se classifica para a segunda fase em primeiro ou sexto. O negócio é classificar. Essa é a nossa missão na primeira fase, acertar o time. Isso porque teremos muitos clássicos e será extremamente competitivo.

DC – O conhecimento que você tem sobre Santa Catarina ajuda nesta momento?

Argel – Sim, mas isso não é vantagem porque todos conhecem muito bem o campeonato. Eu trabalhei no Joinville, Avaí e Criciúma. O Vinícius Eutrópio trabalhou aqui, é o último campeão. O Hemerson (Maria) também trabalhou no Avaí e foi durante anos técnicos das categorias de base do Figueira. O Geninho é um cara que tem uma experiência espetacular. O Luizinho (Vieira, do Tigre) já está há muito tempo no Criciúma, ele conhece meu time e minha forma de trabalhar, estava sempre junto comigo no Tigre em 2013. Não tem o que esconder e isso é uma dificuldade.

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DC – Da primeira vez que passou pelo Figueirense, em 2012, você melhorou Argel, o que é essa evolução?

Argel – Você amadurece naturalmente, não poderia ser o mesmo treinador de 2012 e 2015. Eu tenho a humildade de reconhecer os erros. Por mais experiência que você tem, você aprende. Já passei por 15 clubes, por todo o Brasil. Isso vai te dando maturidade e vamos aprendendo. Eu sinto que a cada ano que passa vou ficando melhor, muito parecido com vinho. Você olha para você mesmo e fala: “Não posso levar tudo a ferro e fogo”. Aqui no Figueirense é mais fácil, porque eu já conhecia todo mundo e o meu ambiente de trabalho dentro do clube é bom. E isso o treinador tem que fazer.