Começa nesta quinta-feira em Florianópolis, na UFSC, o ciclo latino-americano e caribenho da 11ª Conferência da Juventude sobre Mudança do Clima — a COY-11, que ocorre simultaneamente em nove países de todos os continentes até sábado.
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O evento precede um dos maiores encontros sobre transformações climáticas do mundo, a chamada Conferência das Partes (COP), na qual representantes de 195 países se encontrarão em Paris para tentar um novo (e mais ambicioso) acordo voltado à redução da emissão de gases de efeito estufa.
CONFIRA AQUI A PROGRAMAÇÃO COMPLETA DO COY-11
Estão previstas palestras de nomes de destaque na área ambiental como o ex-presidente uruguaio José Alberto Mujica, o artista plástico Eduardo Srur e o médico e ex-candidato à presidência Eduardo Jorge. Centenas de estudantes já estão alojados na universidade, aguardando o início das atividades.
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Serão mais de 80 horas de debate que, no fim, resultarão em um manifesto conjunto para embasar as discussões em Paris, pedindo uma revisão do já desatualizado Protocolo de Kyoto.
Criada em 2004 e organizada anualmente pela ONG internacional YouNGO, a COY ocorre neste ano também em Paris (França), Montreal (Canadá), Antananarivo (Madagascar), Nouméa (Nova Caledônia), Rabat (Marrocos), Abomey Calavi (Benim) e Tóquio (Japão).
É a primeira vez que Florianópolis sedia o evento — que até o ano passado também nunca havia sido organizado paralelamente em mais de um país.
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Baixa participação no debate global
Integrante da ONG Engajamundo, Thaianna Cardoso, 26 anos, é uma das principais responsáveis por trazer a conferência para a Ilha de SC. A estudante de Engenharia Sanitária e Ambiental na UFSC esteve na Alemanha no ano passado para participar de um encontro ambiental promovido pela ONU e percebeu a baixa participação de jovens do hemisfério Sul no debate sobre aquecimento global.
— Quando se é minoria, é claro que as suas pautas acabam ficando mais restritas. E nós experimentamos o meio ambiente de uma forma muito diferente que o restante do mundo. Europeus e norte-americanos já passaram por um processo de degradação muito mais intenso, por exemplo, e nós não deveríamos passar pelo mesmo sofrimento para tomar uma atitude— relata Thaianna,.
Juntos, os nove países que receberão as conferências aguardam um público de pelo menos 8,5 mil pessoas, sendo 900 delas em Florianópolis. Por aqui, as vagas para a maioria das atrações já foram preenchidas há mais de um mês, mas Thaianna ressalta que a participação nas mesas e palestras é limitada unicamente pelo espaço.
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Assim, quem tiver se inscrito com antecedência terá prioridade, mas muitos dos interessados poderão conquistar um espaço na hora do evento.
As três palestras principais — José Mujica, Eduardo Srur, Daniel da Silva e Juliana Schneider — terão transmissão pelo site da COY. Além disso, a palestra de Mujica será transmitida em um telão montado do lado de fora do auditório, com acesso livre a qualquer um.
PROGRAMAÇÃO
:: MESAS TEMÁTICAS – das 8h40 às 12h30min
26 de novembro
– Refugiados climáticos. Local: CFH
– Aprendendo com o colapso. Local: Paróquia da UFSC
– Empoderamento da mulher. Local: Fórum
– Saúde e mudanças climáticas. Local: Reitoria
– Produção audiovisual com temática socioambiental. Local: EFI
27 de novembro
– Energia sustentável e economia verde. Local: CSE
– Mudanças climáticas: consequências e alternativas. Local: Reitoria
– Juventude como protagonista para uma cultura da sustentabilidade. Local: Biblioteca
– Desenvolvimento e mudanças climáticas. Local: EFI
– Contribuições da permacultura na questão climática. Local: Fórum
28 de novembro
– Advocacy como ferramenta para a transformação. Local: EFI
– Gênero, ecofeminismo e a mulher no campo. Local: Biblioteca
– Ativismo ambiental e a importância do ser e agir local. Local: Fórum
– Permacultura, o viver sustentável. Local: CED
– Geração lixo zero. Local: Paróquia da UFSC
:: DESTAQUES
José Mujica
Ex-presidente do Uruguai (2010/2015), “Pepe” Alberto Mujica já foi deputado e ministro em seu país. Durante a juventude, militou em grupos de esquerda como o Movimento de Libertação Nacional-Tupamaros, passando 15 anos preso (entre 1972 e 1985).
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Na presidência, rejeitou benefícios do cargo e manteve um modo de vida bastante simples, muitas vezes virando notícia por atitudes como dirigir o próprio carro ou morar em um sítio no interior.
Reduziu a pobreza de 37% para 11% no Uruguai, apoiou intensamente a legalização da maconha e do aborto e legalizou o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Local: Auditório Guarapuvu. Quinta-feira, 20h
Eduardo Jorge
O médico e sanitarista baiano, filiado ao Partido Verde (PV), ganhou destaque nas últimas eleições presidenciais por defender temas polêmicos como a legalização do aborto e da maconha, mas tem uma carreira política bastante dedicada às causas ambientais.
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É um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT), em 1980, e atuou diretamente na consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Programa Saúde da Família.
Local: Auditório da Reitoria. Sábado, 11h
Daniel José da Silva e Juliana Schneider
Daniel da Silva é idealizador do curso de Pedagogia para Sustentabilidade. Juliana Schneider é coordenadora do Schumacher College no Brasil, responsável por programas de educação para a transformação e uma vida sustentável.
Local: Auditório Guarapuvu. Sexta-feira, 20h
Eduardo Srur
O artista plástico nascido em São Paulo (SP) é mais conhecido por suas intervenções urbanas ligadas às temáticas do consumismo e da degradação ambiental. Sua produção mais recente se baseia, principalmente, em exposições temporárias a céu aberto — como a “Caiaques”, em que barquinhos tripulados por manequins navegavam as águas poluídas do Rio Pinheiros, juntando lixo pelo caminho e alterando o aspecto final da obra.
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Já participou de exposições na França, Suíça, Inglaterra, Alemanha e Cuba, entre outros, trazendo também no currículo uma série de pinturas, esculturas e vídeos.
Local: Auditório Guarapuvu. Sábado, 20h