Ele é adolescente e estuda numa escola municipal de Joinville. A identidade não foi revelada a pedido da mãe, que tem medo que o filho seja alvo de bullying na escola. É que a deficiência dele não é perceptível. O garoto tem dificuldade de concentração. Ele precisa tomar dois medicamentos toda vez que tem prova. Apesar de esforçado, nunca tirou um 10. Conquistar a média já é uma vitória, avalia a mãe.

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Decisões liminares determinam que escolas se adaptem às necessidades das crianças com deficiência em Joinville

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Há muito tempo ela procura garantir o direito do filho. Chegou a solicitar uma reunião com os professores para explicar qual era a deficiência dele, mas teve o pedido recusado pela diretora. Como “desistir” é um verbo que não faz parte do vocabulário dela, a mãe bateu de porta em porta nas salas de aula para fazer a explicação aos educadores.

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Quatro cartas com recomendações médicas solicitando um professor auxiliar ao adolescente foram encaminhadas à escola. Ele tem capacidade de aprender, mas precisa de um estímulo extra.

– O secretário recebeu a cartinha da médica e não fez nada. Falou que meu filho não precisava, só se fosse uma criança especial ao ponto de precisar pegar na mão para levar ao banheiro – contou a mãe.

Sem resposta da Secretaria de Educação, ela procurou o Fórum. Sentou-se em frente ao gabinete onde dizia “Infância e Juventude” e aguardou atendimento. A assessoria jurídica a encaminhou para a Defensoria Pública.

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– Assim eu fiz, fui na defensoria. Fiquei um dia todo lá, porque a fila é grande. Agendei um horário e fui atendida. Estou esperançosa. Primeiro, ela (defensora) tentou um contato amigavelmente.

Como a secretaria não aceitou, ela entrou com processo. A decisão judicial ainda não saiu, mas a mãe tem boas expectativas e acredita que vai conquistar o direito do filho nem que seja pela Justiça. A mãe recebeu a reportagem de “AN” em sua casa com uma carta na qual narra a sua luta e espera inspirar outras mães para que não desistam de seus filhos.

– Eu só quero pedir às pessoas responsáveis para olharem com mais carinho para essas crianças. Que não deixem o direito deles em um papel na gaveta. Que nenhum pai e nenhuma mãe passem o que eu passei para ter o direito garantido do filho. Eu, como mãe, pensei: ?E agora, vou procurar quem??. Procurei o Fórum e lá me orientaram a ir na Defensoria Pública. Foi lá que eu vi que nós temos nossos direitos e temos que fazer valer – diz um trecho da carta.

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Contraponto

Secretaria Municipal de Educação

No caso do adolescente que não foi identificado e tem dificuldade de concentração, a Defensoria Pública entrou com uma ação pedindo a contratação de um professor especializado para igualmente auxiliá-lo com o conteúdo pedagógico. Ainda não há uma decisão judicial.

Resposta da secretaria: nesta escola já há duas auxiliares que atendem a alunos e que podem dar assistência ao estudante. Segundo a Secretaria de Educação, será providenciado um novo auxiliar para esse atendimento.