Luciano Bilu é um músico egoísta. Assim como David Gilmour, guitarrista britânico septuagenário, ele entende que a arte tem que ser feita para si próprio:

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– Se não te emociona em primeiro lugar, não vai emocionar ninguém.

Com essa atitude ele é, no final das contas, um artista 100% altruísta: entrega emoção em riffs bem-bolados e com fruição. Não é só um virtuose em solos nervosos. Nascido em Florianópolis há 40 anos, Bilu pode ser considerado um dos grandes guitarristas do país.

ASSISTA ao Estúdio Anexo com Luciano Bilu:

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Estúdio Anexo | Luciano Bilu

COLUNA DE MÚSICA – Mayer Hawthorne e o soul do novo disco

A cada vez que enverga as pernas e fecha os olhos, é a subjetividade que fala mais alto por meio do toque de seus dedos nas cordas grossas da guitarra. A música que ele entrega é uma ponte para sensações as mais diversas. Quando o baterista Rafael Bastos ouviu as canções do último disco, por exemplo, teve a impressão de nada menos que libertação:

– Parecia música de redenção – contou Bastos.

De fato, Justice – nome do terceiro álbum de Bilu lançado no final do ano passado – reflete o lado social e politizado do instrumentista. As 10 faixas de música instrumental compostas por ele trazem a questão do ser versus ter. Abordam temas como a situação dos refugiados árabes na Europa e guerras.

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O guitarrista costuma compor no violão. Mas esse processo de criação veio depois, bem depois que arriscou os primeiros acordes, aos 12 anos. Aprendeu com amigos e sozinho e nunca se enquadrou muito na metodologia acadêmica de ensino da música. Antes de lançar-se num projeto pessoal e autoral, tocou na noite, em bares e com bandas, entre elas a Tijuqueira.

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– Senti que tinha que criar, sentia que aquilo não era o meu caminho. No ano 2000 fui fazer minhas próprias músicas. Gravei uma fita em casa mesmo e desde então componho – conta.

Estúdio Anexo: Luciano Bilu e banda tocam “Don’t poke the bear”

– Minha relação com a música é emocional. Meu aprendizado passa pelo sentir. A música é uma extensão do meu estado de espírito no momento.

Se alguém pergunta a Bilu em qual gênero ou estilo suas obras estariam classificadas, ele é categórico ao afirmar que música simplesmente não tem divisão:

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– Está acima de barreiras que o homem possa colocar. Ré maior será ré maior no jazz, no funk, no rock ou bossa nova. Eu faço o que vem na cabeça.

Estúdio Anexo: Luciano Bilu e banda tocam “Selling Happiness”

– O mundo é pequeno e com a internet posso mostrar minha música em qualquer lugar. Mas quero tocar fora porque tenho potencial e tamanho suficiente. Um dos meus sonhos é tocar no Royal Albert Hall, em Londres, e no Carnegie Hall, em Nova York. E continuar a aprender música e a tocar o que eu gosto – diz ele, com a humildade de um grande mestre.