O deputado federal catarinense Celso Maldaner (PMDB) é um dos nomes indicados pelo líder do partido na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), para integrar a comissão especial que irá analisar o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Até o momento é o primeiro e único parlamentar de SC com chance de participar do grupo.
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Maldaner faz parte de uma lista de oito parlamentares indicados por Picciani – o total de vagas que o PMDB tem direito de ocupar na comissão. Mas apesar do catarinense figurar na lista, o partido tem atuado nos bastidores para construir uma relação de deputados diferente da apresentada pela liderança peemedebista.
PMDB de SC espera ter uma vaga na comissão do impeachment
A resistência da ala oposicionista do PMDB em aceitar a lista de Picciani – sob a alegação desta ser predominantemente governista – alterou o cronograma inicial que previa a instalação da comissão nesta segunda-feira. Diante da divergência, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), adiou para esta terça-feira a definição dos nomes.
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Por conta do clima de indefinição, Maldaner afirmou que prefere aguardar a definição dos nomes e não quis entrar no mérito sobre ser a favor ou contra o impeachment:
– Vou espera a definição oficial da nominata do partido. Sou imparcial. Vamos esperar a votação dos nomes – disse.
O deputado federal e presidente do PMDB-SC, Mauro Mariani, entende que é positivo ter um catarinense a representar o Estado na comissão, mas também critica as condições com que os nomes foram escolhidos.
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– O PMDB está montando uma tropa de choque governista para impedir o impeachment. É importante ter um catarinense, mas o governo não pode controlar os parlamentares como marionetes – criticou Mariani.
A escolha de Maldaner teria sido para formar uma lista menos governista. O Palácio considera o catarinense um nome moderado, que muitas vezes acompanha o governo. Picciani acredita que o colega peemebista não tem nenhum compromisso a favor ou contra o governo:
– Considero uma composição equilibrada. Não há compromisso de ter que votar com A ou B – disse Picciani.
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Um dos líderes da rebelião do PMDB, o deputado federal Osmar Terra (RS), concorda com a tese da moderação de Maldaner, mas aponta que é o único nome que destoa dos demais da lista:
– Exceto pelo Maldaner, o restante da lista é toda chapa branca. Não respeita a divisão da bancada – afirmou Terra.
Veja abaixo a entrevista com o deputado Celso Maldaner:
Recebemos um documento no qual o deputado Leonardo Picciani indica o seu nome para fazer parte, como titular, da comissão que analisará o impeachment.
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É, mas parece que o PMDB está dividido, não aceita (a lista) e amanhã vai ter eleição. Vamos aguardar até amanhã (terça), que vai ter uma lista alternativa. A única coisa que eu posso te responder é que o Mauro Mariani pediu para o Picciani indicar um catarinense na lista, porque somos seis. Ao menos um teria que entrar na lista. O Picciani me consultou pela manhã para perguntar da possibilidade de eu participar representando Santa Catarina. Vou decidir amanhã, porque, de repente, tem que abrir mão para outro. Tem que ver o que vai acontecer amanhã, se vai haver disputa. Eu não quero disputar.
O senhor, então, está disposto a não participar?
Se for para disputar, não. Se for consenso, tudo bem. Mas não vou colocar meu nome para disputar. Vamos ver o que vai acontecer amanhã.
Como o senhor recebeu a notícia da escolha? Ficou surpreso?
Olha, eu fiquei surpreso, porque há muita pretensão. Parece que todo mundo se inscreveu, de todos os estados. Me causou um pouco de surpresa.
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No caso do impeachment, o senhor já tem alguma inclinação depois de ler o parecer?
Não. Na primeira vez que vocês me pediram para opinar, eu disse que estava indeciso, que precisava analisar os fatos. Eu sou imparcial hoje. Não tenho decisão nenhuma. A única coisa que eu posso te dizer é que recebo muito pedido para votar pelo impeachment. Isso eu recebo muito. Mas eu estou indeciso ainda. Vamos aguardar.
Para o senhor, qual vai ser o desfecho de todo esse processo?
Ainda vai passar muita água por debaixo da ponte. Vamos aguardar para ver se o Supremo (STF) não vai interferir, se amanhã vai ter algum alternativa, se vai haver disputa. Eu tenho muita restrição com o Eduardo Cunha. Ele não aceitou hoje (a indicação dos partidos), pois disse que não tinha quórum. Mas eram os líderes que tinham que indicar. Não tinha nada a ver (com quórum). Vamos ver como vai ser amanhã. Os 513 deputados vão votar, então a regra do jogo vai ser outra. Ms não vou entrar na briga, não. Só se for consenso.
Colaboraram Upiara Boschi e Guilherme Mazui