O Estado e o Vale do Itajaí sofrem sérios reveses pelas más condições das rodovias e suplica há anos pela duplicação da BR-470, a rodovia Ingo Hering. As obras arrastam-se há um bom tempo sem que tenhamos, até o momento, um metro sequer de rodovia duplicada. As importantes pontes sobre o Itajai-Açu em Gaspar e Ilhota, vitais no contexto de duplicação da Ingo Hering, também avançam aos espasmos e tropicões.
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Enquanto milhões de pessoas e a pujante economia do Vale necessitam de rodovias e outras obras que custam a avançar, surge agora uma proposta de construção de mais de 60 quilômetros de rodovias ligando o nada a lugar nenhum. Por qual razão implantar tais estradas num local de difícil acesso, com no mínimo 7 metros de largura para umas mil carretas acessarem o local uma única vez? É o que se pretende fazer com a implantação de um parque com 240 torres eólicas que, junto com linhas de transmissão e outros impactos, perpetrará um estupro paisagístico e ecológico em um dos mais importantes e delicados ecossistemas do Estado e quase único no Brasil.
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O problema não é o parque eólico (que a população é a favor e não abre mão) e sim o local de implantação. Quem propõe esse descalabro, objeto de minhas duas últimas colunas aqui no Santa, é a empresa Serra Azul Geradora de Energia S/A, para o Campo dos Padres, o ponto culminante do Estado.
No relatório de impacto ambiental apresentado nas recentes audiências públicas de Urubici e Bom Retiro, os maiores e prováveis impactos dessa proposta não são qualificados e muito menos quantificados pela empresa Serra Azul. Entre as graves falhas e omissões, desconsiderou recursos hídricos, espécies endêmicas, os importantes ecossistemas de campos de altitude e muito menos a presença de turfeiras e não mencionou em momento algum o atributo beleza cênica. Ignorou a relevância e importância ambiental dessa área única e conhecida há muitos anos, de incrível potencial turístico, bem como a existência prévia de aprofundados estudos que resultaram no projeto de criação, no local, do Parque Nacional do Campo dos Padres.
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No processo para a criação do Parque Nacional, que precede qualquer outra atividade prevista na região, aconteceram 4 audiências públicas onde nenhuma outra proposta foi apresentada. Por que isso foi desconsiderado?
Quem faz a proposta do parque eólico certo no lugar errado é o Sr. Carlos Kreuz, ex-presidente da FATMA, agora representante da empresa Serra Azul. Será que a jaquatirica fez estágio no galinheiro para melhor acabar com as galinhas?
O problema não é o parque eólico (que a população é a favor e não abre mão) e sim o local de implantação.