Aprendi em família que o feio não é errar: é não admitir o erro. Por isso, dedico toda a coluna de hoje a um assunto que está dando o que falar desde que foi publicado neste espaço, no último fim de semana: o de um canil em Palhoça que supostamente estaria maltratando animais. Recebi a denúncia de moradores da Rua Euclides da Cunha, no bairro Ponte do Imaruim, queixando-se do quão difícil é ser vizinho de um local com mais de 50 cães — onde haveria problemas de mau cheiro, proliferação de ratos, baratas, moscas e barulho.

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Segundo os moradores, “em alguma ocasiões os bichinhos estariam sem água, comida e expostos ao relento” — são palavras deles. E fiquei impressionada com a repercussão do caso, a comoção que provocou ao receber dezenas de e-mails e mensagens no face provando o contrário: de que, na verdade, se trata de uma super protetora dos animais tentando fazer o que o poder público não faz: dar conta da quantidade cada vez maior de animais abandonados ao relento. Com todo respeito aos moradores, que têm suas razões, preciso mostrar o outro lado desta história…

Justiça seja feita

Embora não tenha colocado o nome da dona do canil na denúncia dos moradores, ela faz questão de se identificar: chama-se Isabel Amorim e há anos está engajada na causa animal. Alugou a casa em Palhoça para poder cuidar de cães sem lar, doentes, maltratados pelas ruas, precisando de um socorro. “Hoje cuido sozinha de 41 cães, tenho outros em lares temporários e mais outros em hospedagem — caso dos mais doentes, recém operados, que não poderiam se misturar aos outros”, conta Isabel.

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E não é fácil pra ela dar conta de tudo: paga R$ 1,6 mil de aluguel, mais a ração, cerca de R$ 3,5 mil por mês, sem falar na dívida na agropecuária que chega a R$ 4 mil. “Tudo seria mais fácil se a Prefeitura fizesse sua parte por estes animais. Temos em Palhoça apenas um Centro de Bem Estar Animal, que só oferece castração. E estou há anos na fila de espera”, diz Isabel.

Fazer o quê?

Pra dar conta de tanta responsabilidade, Isabel tem apoio de outros protetores que vivem o mesmo dilema: fazer o que o poder público não faz. Aliás, muitos leitores — muitos mesmo, me escreveram contando o quanto o mutirão precisa ser contínuo, em nome da vida destes bichinhos. “Nos viramos junto com a Isabel fazendo rifas, indo atrás de ração, cobertas, vacinas, sem falar na colaboração de pet shops e veterinários que cobram menos, fazem fiado, enfim…”, conta uma das leitoras que se junta a dezenas de depoimentos, com o mesmo teor.

Importante dizer que mostrar essa realidade não invalida a queixa dos moradores. Creio que, neste caso, os dois lados sofrem porque um terceiro – a Prefeitura, não age, não ajuda. Fazer o que? Pedir que Isabel doe os 59 cães? Quem vai querer adotar bichinhos já com idade avançada, doentes, precisando de muita atenção? Infelizmente poucos! “Pior ainda é que minha casa virou ponto onde muitas pessoas abandonam os pobrezinhos. É comum acordar e dar de cara com caixas cheias de filhotes — jamais os deixaria sem um lar”, conclui Isabel.

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Quem quiser conhecer mais o trabalho dela, e até ajudá-la nesta missão, pode procurar por Isabel Amorim no face ou ligar para o telefone (48) 99608-8217, que também é whatsapp. Mais do que nunca, com a palavra a Prefeitura de Palhoça!

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