As lembranças de Jutta Hagemann se misturam aos acontecimentos de Joinville nas últimas nove décadas. Por isso, não é raro ela encontrar na seção Memória do jornal A Notícia a foto de uma casa em que viveu ou um prédio que pertenceu à sua família, tornando o desafio em que ela é uma das “vencedoras” – descobrir o que eram e onde se localizavam imóveis que aparecem em fotos antigas – muito mais fácil naquele dia.

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Jutta é uma secretária aposentada que nasceu, casou e criou suas filhas em Joinville, e poderia não ter destaque entre os outros joinvilenses se não fosse pela paixão por história. Nesta quarta-feira, em sessão especial, ela receberá uma homenagem da Câmara de Vereadores de Joinville – ao lado de representantes do Sindicato dos Jornalista, da Plasbohn Indústria de Plásticos e da Bandoneon Fest – por sua contribuição à memória da cidade.

As homenagens tem foco na colaboração ao Arquivo Histórico – que ela ajudou na identificação de fotos que não tinham informações de data e local – e ao Conselho do Leitor do Jornal A Notícia, do qual ela participou ainda em sua primeira edição, em 2006.

No aniversário de 90 anos de A Notícia, Jutta foi homenageada no comercial

A colaboração dela, no entanto, vai além: em doações de objetos antigos ao Museu Nacional da Imigração e Colonização e em sua boa memória, sempre disponível para ajudar escritores, estudantes e jornalistas com seus depoimentos sobre a Joinville do século passado.

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– Começou com a minha mãe: ela se ocupava buscando fotos e documentos dos nossos antepassados, e contava todas as histórias para as filhas. Minha mãe nasceu em 1901 e viu todas as mudanças na cidade, do bonde puxado por burros aos primeiros automóveis. Naquele tempo, metade de Joinville era parente entre si e cada um foi deixando um pouquinho – recorda ela, referindo-se aos objetos guardados pela mãe.

Mais tarde, essa paixão passaria para Maria Teresa, filha de Jutta que foi coordenadora do Arquivo Histórico e do Museu da Imigração, além de outras atividades como historiadora e pesquisadora. Teresa morreu em 2005, vítima de um câncer, e de certa forma esta herança ficou com a mãe.

Perto de completar 89 anos, a joinvilense que trabalhou na Metalúrgica Tupy, na Ambalit e na Buschle e Lepper entre 1961 e 1997, não sabe ficar parada. Talvez seja este o segredo para chegar tão bem a esta idade: apesar de estar sempre revisitando o passado, Jutta vive o presente. Gosta de sair, e de encontrar os amigos, com compromissos fixos durante o mês. As lembranças são suas amigas para exercitar o cérebro e mantê-lo ativo – e, claro, para passar o tempo.

– O Memória me faz pensar, puxar a memória. Quando não sei a resposta, vou procurar e discutir com amigos como Ivo Ritzmann – conta.

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Leia sobre história de Joinville no especial Minha História, Meu Patrimônio