Mais de um mês após o assassinato de Jennifer Celia Henrique, a Jenni, morta a pauladas dentro de um prédio em construção no final da Servidão Paraíso dos Ingleses, em Florianópolis, a Polícia Civil solicitou e a Justiça expediu mandado de prisão temporária contra o homem suspeito de cometer o homicídio. O delegado Eduardo Matos, responsável pelo caso, evitar fornecer a identidade do acusado antes de prendê-lo e ouvi-lo sobre as suspeitas. O homem é considerado foragido e não se encontra em Florianópolis.

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Ao longo desta semana que se aproxima do fim, Matos e sua equipe planejavam fazer uma diligência definitiva em busca de localizar e prender o suspeito em outra cidade, o que acabou não ocorrendo em função de o delegado estar sobrecarregado de investigações que se acumulam devido ao volume de 66 mortes violentas intencionais na Capital nesses primeiros meses de 2017. A transexual Jenni foi morta na madrugada de 10 de março, perto de um supermercado de Ingleses, norte da Ilha.

A tarefa de encontrar o suspeito foi então dividida com a Delegacia de Investigação Criminal (DIC) do município de origem do suspeito, que não seria morador de Florianópolis. Matos garante ter todos os elementos de autoria para comprovar a participação do suspeito, bem como a motivação para o crime, outra questão que ele prefere manter silêncio. Garante, apenas, que o homicídio não tem relação com os registros de Boletins de Ocorrência (BOs) feitos por Jenni relatando agressões e ameaças.

— Nós já temos tudo, só que eu não vou divulgar nada antes de ouvir ele. Eu não vou dizer tudo, o que eu sei e depois ouvir o cara, porque se não ele vai saber o que pesa contra ele e usar no depoimento. A ideia é, daqui uns dias, divulgar a foto dele para prender e depois disso a gente vai repassar todos os detalhes da investigação — explica Matos, que diferente do informado ao Hora de Santa de Santa Catarina em março, agora descarta a participação de dois homens na cena do crime – apesar de terem sido encontrados dois pedaços de pau sujos de sangue no local do homicídio.

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Matos também afasta a possibilidade de que o autor do crime tenha chegado com Jenni ao local de carro. Tudo indica que ambos chegaram a pé no prédio abandonado. O delegado afirma que está “exaurindo” a chance de encontrar o acusado no local onde crê poder encontrá-lo, para depois apelar à imprensa na divulgação do retrato falado do suspeito. Há o entendimento por parte de Matos de que o suspeito nem imagina estar sendo procurado pela polícia.

— Se não conseguirmos encontrar ele, vamos procurar a imprensa para divulgar seu rosto e esperar que alguém o denuncie — conta Matos.

Quem era Jenni

Nas redes sociais, onde a morte de Jenni teve enorme repercussão, amigos e familiares da vítima afirmam que a morte teve motivações preconceituosas, intolerantes e de transfobia. Jennifer, conhecida por todos no norte da Ilha como Jenny, tinha em seu RG o nome de João Geraldo Henrique, de 37 anos. Jenni tinha forte atuação em movimentos de causas de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros (LGBT), além de ser muito conhecida nas regiões de Ingleses e Santinho, onde morava com seus pais. Jenni trabalhava como revendedora de uma marca de cosméticos.

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