Atendendo a pedido do Ministério Público, a Justiça renovou ontem os mandados de prisão temporária de 17 dos 20 presos na Operação Fundo do Poço, deflagrada na última quinta-feira pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) em Florianópolis, Lages, Itajaí, Criciúma, Chapecó e Joinville.

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A prorrogação das prisões tem validade de cinco dias. Outros três detidos na última quinta-feira foram soltos porque colaboraram com as investigações. Há fortes suspeitas de que servidores municipais, políticos e empresários da área de perfuração de poços artesianos estão envolvidos em fraudes de licitações e crimes contra a administração pública. Os nomes dos presos estão sendo mantidos sob sigilo. O argumento é de que o processo corre em segredo de Justiça. Hoje há 10 detidos em Lages e sete em Chapecó.

– Essa postura será mantida até a segunda quinzena de dezembro, quando imaginamos fazer a denúncia e a justificativa de tudo o que aconteceu durante a investigação – explica o promotor Alexandre Grazziotin, coordenador do Gaeco em Florianópolis.

Na lista dos investigados também está o deputado estadual Romildo Titon (PMDB), que ontem protocolou petição junto ao Tribunal de Justiça pedindo cópias das escutas telefônicas.

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Confira a entrevista com o deputado na íntegra:

Diário Catarinense – O que o senhor sabe da Operação Fundo do Poço?

Romildo Titon – Sei apenas que houve mandados de busca e apreensão, mas não há hoje nenhum de prisão expedido (contra mim). Estou à disposição da Justiça desde o dia que foi deflagrada a operação. Quero saber qual é o conteúdo da investigação e porque houve esse mandado de busca e apreensão.

DC – Onde exatamente ocorreram as buscas?

Titon – Nos dois apartamentos em Campos Novos e Florianópolis. Entraram nos meus escritórios políticos em Videira e em Campos Novos e no meu escritório particular de Campos Novos.

DC – Levaram alguma coisa?

Titon – Nada com relação ao que estavam procurando…

DC – E o que estavam procurando?

Titon – O que a imprensa disse: documentos relacionados a licitações.

DC – Qual sua relação com as pessoas que estão sendo investigadas? O senhor indicou, por exemplo, um secretário regional de Campos Novos…

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Titon – Foram indicações políticas para a região, dos prefeitos do PMDB. A minha relação com esse pessoal é normal.

DC – Como deputado, o senhor deve ter recebido alguns pedidos desses políticos, de recursos…

Titon – Se estão se referindo aos recursos que foram para alguns municípios onde há suspeita de irregularidades, posso te garantir que não tem um centavo que foi liberado desses convênios.

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DC – Pode haver alguma questão política?

Titon – Não sei te dizer. Agora é que estou procurando ter acesso às informações para que eu possa me pronunciar depois. Estou à disposição. Até abrir o cofre, a gente abriu. Levaram tudo. Levaram os computadores dos escritórios.

DC – Essa situação prejudica a sua posse na presidência da Assembleia?

Titon – De maneira nenhuma. Recebi muitas ligações de apoio dos colegas.