A juíza Viviane Isabel Daniel Speck de Souza, titular da 6ª Vara Cível de Joinville, aceitou o pedido de recuperação judicial da Metalúrgica Duque. A tradicional empresa, que tem mais de 50 anos de mercado, enfrenta uma difícil crise financeira, agravada a partir do segundo semestre do ano passado, e acumula dívidas estimadas em R$ 180 milhões.

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A partir de agora, a Duque tem prazo de 60 dias para apresentar o plano de recuperação judicial aos credores. O documento deve detalhar como a empresa pretende pagar as dívidas e se reestruturar para retomar as operações. Depois disso, os credores têm outros 30 dias para se manifestarem favoráveis ou contrários ao pedido.

Na decisão, a magistrada destaca que a recuperação judicial é “o instrumento necessário e mais adequado para recolocar as finanças da empresa em ordem”, além de ser a melhor alternativa para “que os credores obtenham a satisfação de seus interesses e que a empresa continue a existir no mercado e a gerar riqueza e empregos”.

A juíza também determinou a suspensão de todas as ações ou execuções movidas por credores contra a companhia, com exceção das ações trabalhistas.

Sindicato vê decisão com bons olhos

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Apesar de esperada, o deferimento do pedido de recuperação judicial da Duque é bem-visto pelo Sindicato dos Mecânicos (Sindmecânicos), entidade que representa os 800 funcionários da metalúrgica.

– Nas condições da empresa, avaliamos a decisão com bons olhos. A Duque sozinha não se recuperava mais – avalia João Bruggmann, diretor financeiro do sindicato.

A partir de agora, o sindicato vai exigir que as dívidas trabalhistas da empresa, que ultrapassam R$ 3,5 milhões, sejam pagas no prazo de 12 meses, como prevê a lei. Bruggman acredita que o pagamento dos salários atrasados deve ser a primeira etapa para recuperar a Duque.

– A empresa vai ter dificuldade de recompor um grupo para produzir, por isso tem que acertar a situação com os trabalhadores – diz.

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O Sindmecânicos aguarda a convocação de uma reunião por parte da Duque para novos esclarecimentos.

Administrador judicial é o mesmo da Douat

O advogado Anderson Onildo Socreppa foi nomeado pela juíza Viviane Isabel Daniel Speck de Souza para ser o administrador judicial da Duque durante o processo de recuperação. A magistrada também determinou que o profissional deverá receber uma ajuda de custo fixa mensal, no valor de R$ 15 mil, “tendo em vista a complexidade do feito e para fazer frente às despesas iniciais”.

Socreppa tem bastante experiência na área. Já foi nomeado administrador judicial da Teka, tradicional companha têxtil catarinense, com sede em Blumenau, e também da joinvilense Douat Têxtil. Coincidentemente, foi a Douat quem indicou a Corporate Consulting para a Duque.

A empresa de consultoria paulista fez um diagnóstico completo da situação financeira da metalúrgica, apontando os caminhos para a recuperação do negócio. Entre eles estão o alongamento do prazo para o pagamento das dívidas, a injeção imediata de

R$ 10 milhões para capital de giro e retomada de produção, o enxugamento do quadro de funcionários e o afastamento da atual diretoria.

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A reportagem de “A Notícia” tentou contato com Socreppa nesta sexta-feira, mas ele não atendeu às ligações e nem retornou e-mail. Ele é um dos sócios-fundadores do escritório Socreppa e Schafauser, de Caçador, que se especializou em recuperações judiciais nos últimos sete anos.

Os motivos que levaram a Duque a pedir recuperação judicial

1. Dificuldades financeiras, agravadas pela crise econômica que afeta o mercado mundial.

2. Manutenção dos altos preços da matéria-prima e da sua redução de produção.

3. Formação de custos inadequada, que trouxe prejuízos operacionais

4. Redução das margens por pressão externa de clientes que possuem grande fatia do mercado nacional.

5. Tomada de recursos com altas taxas de juros.

6. Atraso no cumprimento de suas obrigações e na entrega de produtos.