Ter trazido Buena Vista Social Club e Madeleine Peyroux no ano passado representou uma conquista e um desafio para o Jurerê Jazz. Do mesmo jeito que estabeleceu um novo parâmetro para o festival, a vinda de artistas desse porte deixou implícita a necessidade de, no mínimo, manter o nível na edição seguinte — não apenas na qualidade musical, mas, principalmente, no apelo comercial e midiático das atrações escaladas.
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Junte isso com as incertezas da economia, o fato de ser realizado em uma cidade onde o público (por mais interessado que seja) é pequeno e o quase nulo reconhecimento popular do estilo que o batiza, e fica a impressão de que a organização teve que rebolar para que o sexto Jurerê Jazz não empalidecesse na comparação com o anterior. Sem um nome do tamanho da orquestra cubana ou da cantora canadense, o line-up de 2016 equilibra-se entre as vertentes tradicionais do gênero e renovadores diálogos com outros ritmos.
Por sua essência na liberdade do improviso, o jazz comporta e se alimenta desse tipo de concessão. Puristas devem se encantar com a bagagem histórica d¿Os Ipanemas ou de Leny Andrade e com o apuro técnico de Carlos Malta. Fãs de abordagens mais modernas não perdem por esperar pelas conexões entre MPB e eletrônica propostas por BossaCucaNova e pelo DJ set de Philippe Cohen Solal, um dos artífices do tango cibernético do Gotan Project. E, se bobear, todo mundo pode se encontrar na pista do Monobloco ou de Marcelinho da Lua (também BossaCucaNova) e prometer que voltará no ano que vem. Essa talvez seja a última barreira a ser quebrada pelo Jurerê Jazz: tornar-se uma marca tão forte que as pessoas esgotem seus ingressos independentemente dos shows anunciados, somente porque têm certeza de que música boa lhes aguarda.
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