Além de divulgar a transferência do casamento coletivo para o Fórum de Santana do Livramento, a juíza Carine Labres também anunciou que não vai mais propor casamentos coletivos dentro de CTGs. Os próximos – um ou dois por ano – serão todos no Fórum.
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Questionada se estava capitulando diante dos tradicionalistas, que se rebelaram com a união de gays desde o início, explicou que poderia soar como provocação se insistisse na proposta.
A magistrada esclareceu que não quis afrontar o Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) ao propor o casamento coletivo dentro de um CTG e durante os festejos da Semana Farroupilha. Lembrou que, ao propor a ideia, sete CTGs do município se ofereceram. Ao ponderar que também haveria pares de pessoas do mesmo sexo, cinco deles desistiram. O único que não recuou foi o Xepa, também vereador, que declarou:
– Palavra de gaúcho é como um tiro. Depois que sai, não volta mais.
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A transferência de local desagradou as dezenas de voluntários que se esmeravam para aprontar o CTG. Na tarde de ontem, usando bota e bombacha, o advogado Raul Vieira, 54 anos, carregava brita com uma pá.
– Estou desde o início, faço o que posso – comentou Vieira, o suor escorrendo do rosto.
Comerciantes, operários, profissionais liberais e donas de casa também atenderam à conclamação feita pela juíza Carine e pelo patrão Xepa. O vidraceiro Adriano Lopes, 41 anos, foi deslocado de outro serviço, pelo dono da empresa onde atua, para recompor as janelas do CTG. Diante das dúvidas se o serviço seria concluído a tempo, sintetizou a disposição de todos.
– Vamos ter que conseguir, não tem outra saída – disse Adriano.
A solidariedade foi constante. A diretora da Escola Estadual Pinto da Rocha, Ana Lia Bicca Ribeiro, ofereceu cadeiras e o que mais fosse necessário.
– Não podemos aceitar essa coisa medonha que é o preconceito – disse Ana Lia.
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O CTG foi atingido por um incêndio na madrugada de quinta-feira. O fogo destruiu cerca de 40% da agremiação, atingindo principalmente o palco e o salão de baile, exatamente onde foi marcada a cerimônia. Voluntários trabalham desde a quinta-feira para reerguer a estrutura avariada até o horário do casamento – convocação do mutirão partiu da magistrada, ao pedir ajuda para reconstruir o CTG em “tempo recorde”.
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