Nem no Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Sentinelas do Planalto, nem na praça em frente ao galpão destruído por incêndio. A juíza Carine Labres anunciou, na noite desta sexta-feira, que o palco do casamento de 28 casais heterossexuais e um casal gay, marcada para este sábado, vai ser o salão do júri do Fórum de Santana do Livramento.

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– Em que pese o esforço dos trabalhadores voluntários e pensando na segurança de todos, decidimos transferir o evento – justificou a magistrada.

Carine ainda declarou que pretende dar seguimento à celebração de casamentos coletivos, mas que não vai mais tentar que sejam feitos em CTGs, com o argumento de que poderia parecer uma “afronta”.

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Após uma vistoria feita no CTG, às 18h, o comandante do Corpo de Bombeiros local, primeiro tenente José Henrique Martins Rodrigues, afirmou que, mesmo se as obras fossem concluídas, não haveria tempo hábil para fazer a vistoria final que poderia liberar o alvará de funcionamento.

Sob um clima de frustração dos operários voluntários, que trabalharam dia e noite para reconstruir o galpão, o patrão do Sentinelas do Planalto, Gilbert Gisler, aceitou a justificativa e acrescentou que ficaria muito “apertado para lavar e decorar” o espaço do casamento.

O CTG foi atingido por um incêndio na madrugada de quinta-feira. O fogo destruiu cerca de 40% da agremiação, atingindo principalmente o palco e o salão de baile, exatamente onde foi marcada a cerimônia. Voluntários trabalham desde a quinta-feira para reerguer a estrutura avariada até o horário do casamento – convocação do mutirão partiu da magistrada, ao pedir ajuda para reconstruir o CTG em “tempo recorde”.

A Polícia Civil vai pedir auxílio à polícia uruguaia para localizar o automóvel Gol branco avistado por testemunhas pouco antes do início das chamas. A segunda fase da investigação começou nas primeiras horas da manhã desta sexta-feira.

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A secretária de Justiça e Direitos Humanos do governo estadual, Juçara Dutra Vieira, acompanhará o evento representando o governador Tarso Genro. Na manhã deste sábado, já em Livramento, ela lamentou o ataque cometido contra o CTG.

– É um episódio lamentável de violência física e simbólica, mas que, de alguma forma, serviu para mobilizar a sociedade – declarou Juçara.

A secretária considera que a iniciativa da juíza em promover o casamento no local foi “altamente positiva”, embora possa levar “algum tempo para ser assimilada”. Mas afirmou que o atentado não representa a cultura regional:

– A tradição rio-grandense não é de intolerância.

A ministra da da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Ideli Salvatti, também deve acompanhar a cerimônia.

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