O jovem Pietro Gusen, 25 anos, se tornou réu pelas mortes de duas mulheres em uma colisão na SC-401, em Florianópolis, no último dia 6 de maio. A denúncia do Ministério Público (MP) pelo crime de duplo homicídio qualificado foi aceita pelo juiz da Vara do Tribunal do Júri da Capital, Marcelo Volpato de Souza, na tarde desta terça-feira. Se condenado, o acusado pode pegar de 12 a 30 anos por cada uma das mortes, além da pena por embriaguez ao volante, de seis meses a três anos de prisão.
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No acidente, morreram Rosymere Maria Martiolli Rodrigues e Solange Dutra Pereira. Ambas estavam em uma moto. Elas seguiam para o trabalho, quando nas proximidades do Cemitério Jardim da Paz, no Bairro Monte Verde, foram atingidas na traseira pelo Uno conduzido por Pietro. Ele parou no local e prestou socorro, segundo a denúncia do MP. O teste do bafômetro acusou 0,68 miligramas de álcool por litro de ar expelido.
O MP afirma na denúncia que o acusado estava em uma festa momentos antes do acidente em Jurerê Internacional. Sérgio Murilo Rensi, um dos policiais que atendeu a ocorrência, relatou a condição de Pietro quando a viatura da Polícia Militar Rodoviária (PMRv) chegou ao local: “aparentava estar embriagado, com odor etílico, olhos vermelhos”. Na delegacia, Pietro se recusou a falar. Disse que só daria informações perante o juiz.
Mesmo que tenha prestado socorro e auxiliado familiares das vítimas, o juiz entende que a soltura de Pietro poderia demonstrar impunidade em casos semelhantes: “É cediço que a crescente escalada de crimes de homicídio sob direção de veículo por condutor embriagado trazem intranquilidade à sociedade e a soltura do agente, ao menos neste momento processual, deixaria latente o sentimento de impunidade e incentivaria a prática de idêntica conduta. O fato ainda é recente e gerou grande repercussão social”.
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A residência e ocupação fixas do acusado também foram minimizadas por Souza, que contrapôs com a ausência de carteira de habilitação por parte do motorista, o que segundo o juiz mostram “ainda mais o suposto risco por ele assumido na ocasião”.
O que diz a defesa de Pietro Gusen
O acusado é defendido pelo advogado Marcos Paulo Silva dos Santos. No seu pedido de revogação da prisão preventiva, que foi negado pelo juiz, o defensor lista oito motivos contra a detenção do motorista. Segundo ele, Pietro não fugiu do local, não negou socorro, não descaracterizou o veículo, estava lúcido, tem residência e ocupação fixas e não resistiu à prisão. Ele ainda cita outros acidentes recentes em que os suspeitos fugiram do local e não assumiram suas responsabilidades.
Para o defensor, o trecho onde ocorreu a colisão auxiliou para o acidente:
— Além do mais, cumpre salientar que o local do referido acidente é conhecido pela população como ¿curva da morte¿, já que, por total descaso do poder público, não possui iluminação, o que resultou em diversos acidentes fatais.
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Santos descarta que a colisão tenha sido um crime, como entendem a Polícia Civil, o MP e a Justiça:
— Em suma: o acidente foi uma fatalidade na vida do acusado e na das vítimas, e não há justificativa para a prisão preventiva! — escreveu no pedido de revogação da prisão preventiva.
Colaborou Antonio Neto
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