Os jovens Valdir Pires de Moraes Júnior, o Juninho, 21 anos, e Diego Corrêa da Silva, o Pedrinha, 20, foram condenados em júri popular nesta terça-feira pelo assassinato a tiros de um idoso no Morro do Horácio, em 2 de abril de 2014, em Florianópolis. Valdir pegou 18 anos de reclusão e Diego foi condenado a 16 anos de reclusão.

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O juiz Marcelo Volpato de Souza leu a sentença às 19h30min, no Fórum do Centro. O juiz determinou o regime fechado para o começo do cumprimento da pena e negou aos réus o direito de recorrer em liberdade. Os dois foram absolvidos pelo crime de furto, que também eram acusados.

A vítima, Paulino Pereira de Almeida, 69 anos, foi executada dentro da casa em que morava, na Servidão dos Anjos. Bastante conhecido, o idoso alugava quitinetes no Morro do Horácio. Conforme as investigações da polícia e a denúncia da promotoria, os acusados arrombaram a casa de Paulino e o mataram porque ele teria sido visto conversando com policiais militares no morro.

Segundo a promotoria, líderes do tráfico teriam associado a conversa a uma operação da Polícia Militar que apreendeu no local motocicletas procedentes de furto e roubo. Na conclusão da promotoria, o suposto prejuízo ao tráfico levou à morte da vítima.

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Ao pedir a condenação dos acusados, o promotor Andrey Cunha Amorim sustentou que a perícia foi muito bem feita e encontrou pegadas na casa. Um terceiro acusado pelo crime já foi julgado anteriormente e condenado a 16 anos de prisão.

— Foi um crime cruel, bárbaro, em plena luz do dia para todo mundo no morro saber que esse é o destino de quem entrega o tráfico — lamentou o promotor ao se referir a razão pela qual o idoso foi assassinado.

Para o promotor, o crime retrata a grave situação nos morros de Florianópolis em que a violência de traficantes se impõe sobre as pessoas de bem, que com medo de perder a própria vida se recusam por exemplo a contar a verdade ou servir de testemunhas da polícia.

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Defesa fala em emoção e falta de provas

Responsável pela defesa de Valdir Pires de Moraes Júnior, o advogado Rodrigo Cordoni afirmou que o promotor utilizou um discurso com emoção e sensibilidade no plenário, mas que essencialmente não apontou prova alguma no processo.

Cordoni disse ainda que as investigações tiveram conclusões erradas e que as pegadas na casa seriam de parentes da vítima que entraram no local após a morte.

Os advogados Robson Antonio Galvão da Silva e Rodolfo Macedo do Prado, defensores do réu Diego Corrêa da Silva, também enfatizaram a ausência de provas e buscavam a absolvição.

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— Há absoluta falta de provas, uma dúvida razoável nesse processo — garantiu o advogado Rodolfo Macedo do Prado.

Ao final, todos os defensores dos réus anunciaram que vão recorrer da sentença no Tribunal de Justiça de Santa Catarina.

Além dos longos e duros debates entre acusação e defesa, que utilizaram réplica e tréplica, o júri foi marcado pela presença feminina entre os jurados: as sete pessoas sorteadas eram mulheres, algo considerado raro.

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