A definição de avenida é, em geral, de vias largas com objetivo de garantir a circulação de um fluxo intenso de veículos e fazer a ligação entre dois pontos importantes. Em Joinville, no entanto, não é difícil encontrar ruas que, apesar de nomeadas como avenidas ou de possuírem duplicação, não apresentam estrutura para serem consideradas ruas principais.
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A cidade possui em sua lista de logradouros, publicada pela Secretaria de Planejamento Urbano e Desenvolvimento Sustentável (Sepud) neste mês, 34 avenidas. Destas, 13 estão cadastradas no Relatório de Classificação Funcional das Faixas Viárias Urbanas de Joinville como vias arteriais e quatro como coletoras, fazendo com que a metade seja considerada uma via local, com função apenas de atender às necessidades das atividades locais e o acesso às propriedades.
Além delas, há também casos de ruas que apresentam características de avenidas — foram alargadas e duplicadas — mas continuam com nome de ruas, além de também não possuírem asfalto nem beneficiarem o trânsito da região.
Boa parte destas vias não apresenta asfaltamento ou não tem continuidade, fazendo com que os usuários – principalmente, os moradores e comerciantes – sofram com lama e poeira, e impedindo soluções para melhorar a mobilidade dos bairros. Algumas foram criadas para atender a demanda da construção de conjuntos habitacionais, mas nunca foram concluídas – em alguns casos, nem mesmo se diferenciam das ruas locais.
— Normalmente, as avenidas são as vias principais e tem largura maior. Também tem alinhamento predial dos dois lados, passeio e capacidade maior de tráfego – explica o doutor em Desenvolvimento Regional e Urbano, Naum Alves de Santana.
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Em Joinville, a largura definida pelo Plano Viário de 1973 é de 30,4 metros de largura. É a partir dele que a cidade ainda tem suas diretrizes – um novo plano está em desenvolvimento — e, segundo o gerente de mobilidade e desenvolvimento urbano da Sepud, Marcus Faust, o plano definia eixos de deslocamento para criar ligações no sistema viário de Joinville.
— Grande parte destas vias foram tomadas por imóveis e não se tornaram o que o Plano Viário definia. Hoje, a Prefeitura não dispõe de recursos para desapropriações para viabilizar estas avenidas — afirma ele — Além disso, por causa de seu relevo, Joinville desenvolveu características para criação de binários.
Marcus avalia que, com a implementação de instrumentos de promoção de desenvolvimento sustentável, ainda em fase de aprovação, haverá maior possibilidade de desapropriações. Com eles, será possível, por exemplo, trocar faixas de terra afetadas por restrições por área construtiva.
Enquanto isso, a secretaria busca recursos federais para, pelo menos, proporcionar asfaltamento aos principais eixos de deslocamento da cidade. A prioridade é das vias por onde passam ônibus mas, nesta lista, por enquanto, não há nenhuma avenida nem rua duplicada visitada por AN para esta matéria.
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Avenida Arnoldo Lúcio de Oliveira, no bairro Jardim Iririú
Não apresenta nenhuma característica de avenida: é uma rua de 400 metros, totalmente residencial e sem asfalto. Fica adjacente à área de mangue do bairro e passa pela Avenida Odilon Rocha Ferreira.
Avenida Evangelista Justino Espíndola, no Parque Guarani
É a via do CEI Parque Guarani e da Escola Municipal Sadalla Amin Ghanem e tem asfalto em uma das pistas. Mas, como elas são separadas por um canal do rio Cachoeira, a outra pista é de terra. Seu acesso é pela rua Boehmerwald e, depois de 550 metros, termina na rua Paranoá, que é de baixo fluxo.
Avenida Odilon Rocha Ferreira, no bairro Jardim Iririú
Tem um quilômetro e meio e é duplicada, mas não recebeu asfalto. Apenas uma das pistas é usada efetivamente pelos carros, já que há uma vala aberta entre elas. Na outra, não há espaço para passagem de veículos e, segundo a moradora Noeli Bordin da Rosa, é muito usada pelos moradores para jogar lixo. Ela também reclama que, na pista utilizada, há muito fluxo de veículo, inclusive de linhas de transporte coletivo e levanta muita poeira na rua. As valas abertas são outro problema. A avenida liga a rua José Antônio Sales e vai até a rua Maria de Lourdes Maia Ferreira, perto da área de mangue.
Rua Maria Regina Klock Russi, no bairro Aventureiro
Começa na rua Rio do Ferro e não tem saída. Foi projetada para ser avenida e é duplicada, mas não tem asfaltamento em uma das pistas, que é utilizada basicamente para acessar os imóveis e as vias locais.
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Avenida Miguel Alves Castanha, no bairro Aventureiro
É o acesso à Escola Municipal Prefeito Wittich Freitag e tem um quilômetro e meio de extensão — no final, torna-se uma rua sem saída. Tem asfalto em boa parte do trajeto, mas apresenta trechos em que as pistas são de terra.
Avenida Vice-Prefeito Ivan Rodrigues
Na identificação presente nos postes da via, algumas tem o nome de rua e outras, de avenida. A via tem 350 metros e não é duplicada, nem tem espaço para ampliação — um dos imóveis presentes na rua é da Escola de Educação Básica Maria Amin Ghanem. Começa na rua Guaíra, via de grande fluxo de veículos.
Rua dos Aimorés, no bairro Petrópolis
Começa na avenida Paulo Schroeder mas tem apenas um pequeno trecho duplicado, entre as ruas Jacinto Machado e Jorge Weh. O trecho não é asfaltado e fica em uma elevação. Segundo a moradora Maria Cristina Xavier, quando chove é difícil passar com o carro. Mesmo assim, a rua é muito movimentada por servir de ligação entre a avenida Paulo Schroeder e a rua Colombo, que dá acesso à rua Monsenhor Gercino.
Rua Teresa Farias Vieira, no bairro João Costa
Tem quase um quilômetro de comprimento e toda sua extensão é duplicada, mas não há asfaltamento. Garantiria a diminuição do fluxo na rua Monsenhor Gercino, por onde é necessário fazer o contorno para passar de um lado a outro da Teresa Farias Vieira, já que não há ligação para carro entre as ruas Luiz Ceratti e Kesser Zattar. Segundo a moradora Relinda Teresinha Pereira, a avenida era promessa para o loteamento Itaum-Costa, onde ela adquiriu um imóvel há 20 anos. Desde então, há promessa de abertura e asfaltamento da via. Enquanto isso, a rua alaga e falta segurança à noite, principalmente nas extremidades da rua.
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Avenida Firmino da Silva, no Parque Guarani
Ela começa na rua Boehmerwald e termina em sua ligação com a rua Jairo Germano Korn, onde a via fica bem estreita. Na última quadra não há asfalto. Segundo o almoxarife Ezequiel Alves Dias, que mora no local há 12 anos, faz cerca de oito anos que o asfaltamento chegou à avenida, para que o ônibus pudesse passar. O cunhado dele, Rodrigo Leopoldino, lembra que, antes disso, apesar de já ser duplicada e ter nome de avenida, a via parecia “um caminho de carroça”, cheia de buracos. A parte asfaltada tem 900 metros e é basicamente residencial, com poucas opções de comércio. Pensando nisso, Ana Paula de Oliveira abriu um supermercado na avenida há oito meses.
— A região vem crescendo e seria bom que a avenida fosse aberta (para ligar ao bairro João Costa), para valorizar o bairro. Ela é tão calma que parece que todo dia é domingo — comenta.
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