– O setor supermercadista de Joinville vive um bom momento – afirma o secretário de Desenvolvimento Econômico de Joinville, Jalmei Duarte.
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Entre os grandes, a rede paranaense Condor investe R$ 50 milhões na abertura de um hipermercado na zona Sul. O empreendimento está na fase de licenciamento ambiental e vai gerar pelo menos 350 empregos diretos.
A rede de supermercados Giassi inaugura sua segunda loja na cidade no mês que vem, e existem movimentos, por enquanto em fase de prospecção, do Grupo Walmart para abertura de mais uma unidade.
Em Joinville, existem 90 estabelecimentos filiados à Associação Catarinense de Supermercados (Acats) e uma estimativa de 400 em operação, segundo o vice-presidente da Acats para a região Norte, Pedro Damião.
O aumento da presença das grandes redes estimula os pequenos empreendimentos a melhorarem o próprio negócio, observa Jalmei, e é o que eles vêm fazendo desde o avanço de grupos de fora do município e de multinacionais no final da década de 1990.
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Os pequenos negócios não sucumbiram. Um passeio pelos bairros de Joinville é o suficiente para se perceber a forte presença de minimercados ou supermercados de bairro. Estabelecimentos que construíram uma clientela fiel ao longo dos anos, marcada por uma relação de proximidade, na qual o cliente mais assíduo é chamado pelo nome.
A situação não é mera casualidade. Um conjunto de fatores explica o sucesso dos mercados de bairro. Um deles é a própria característica da cidade, que se desenvolveu de forma bastante espalhada, dificultando a dependência do comércio da região central, constata Pedro Damião.
Os empreendedores também foram rápidos e se organizaram em associações para baixar custos na hora de comprar mercadorias e buscar novos conhecimentos. A rede de compras Unicerta nasceu do núcleo supermercadista da Associação Empresarial de Joinville (Acij), e a Masterville teve origem na associação das micro e pequenas empresas, a Ajorpeme.
O próprio consumidor também mudou. Se nos tempos de hiperinflação era preciso comprar itens para o mês inteiro, a partir da estabilidade da moeda aos poucos o consumidor foi se acostumando a visitar o ponto de venda com mais frequência e a fazer compras menores, procurando estabelecimentos mais próximos de seu roteiro pela praticidade.
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Segunda loja
A segunda loja da rede de supermercados Giassi em Joinville, entre as ruas São Paulo e Inácio Bastos, no bairro Bucarein, será inaugurada no dia 17 de julho. A primeira fica no bairro América.
Para o fundador da rede, Zefiro Giassi, a localização possibilita atender à zona Sul da cidade e apresenta todas as condições para instalação de uma unidade de 15 mil m². O crescimento da rede acontece de forma gradual.
– Não temos a ansiedade de ser maior do que ninguém – garante Zefiro.
O fundador aposta no formato único e busca atender a todas as classes sociais, sem sofisticar demais para não inibir a classe C.
Zefiro considera fundamental para a sobrevivência no ramo acompanhar as mudanças e reduzir custos ao máximo, não necessariamente com o preço mais baixo. O importante, segundo ele, é ter qualidade de serviços e produtos.
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A força dos bairros
Maria Dourada de Oliveira compra há 25 anos no mesmo mercado
A capacidade de estabelecer um vínculo duradouro com a vizinhança é uma das características dos mercados de bairro, um segmento bastante forte em Joinville. E poucos retratam tão bem a alma deste cliente como Maria Dourada de Oliveira.
Há 25 anos, ela deixou o Mato Grosso e se instalou na zona Sul de Joinville, e há 25 anos é cliente de Rogério e Roseli Caetano, os proprietários do Mercado Brasília. Se falta algum alimento em casa, Maria Dourada caminha até o mercado, escolhe a mercadoria, paga em dinheiro e não leva.
Se os estabelecimentos comerciais costumam transportar os produtos até a casa do cliente a partir de um determinado valor, essa regra não se aplica à senhora de 79 anos.
– Pode ser compra grande ou compra pequena, eles levam para mim. Se está chovendo, eles levam, eu não vou caminhar com compras na chuva – afirma, demonstrando saber bem o que significa o atendimento personalizado dos mercados de bairro.
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Engana-se quem pensa ser apenas uma gentileza com um idoso. A venda de carne é outro exemplo do jogo de cintura que esses estabelecimentos precisam ter para conquistar o visitante.
– O corte varia conforme o cliente. Alguns querem comprar a carne já temperada, outros pedem para temperar, mas não colocar alho – explicam os proprietários, que conhecem os clientes mais assíduos pelo nome.
Dia e noite
Roseli, Rogério e os pais dele abriram o primeiro mercado em 1986, na rua Américo Vespúcio, bairro Nova Brasília. Nenhum dos quatro tinha qualquer familiaridade com o ramo.
A família aprendeu com o tempo, trabalhando dia e noite. Tanto que Roseli estava com Rogério na área de açougue quando sentiu as contrações da gravidez. Deu tempo de levá-la para o hospital, mas Rogério continuou trabalhando.
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Hoje, são 115 funcionários e cinco lojas – três no Nova Brasília, uma no Iririú e uma no Vila Nova. O comércio vende marcas para as classes A, B e C e cresce, em média, de 15% a 20% ao ano.
Ao longo do tempo, os donos investiram em cursos, informatização e atualização para acompanhar o dinamismo do mercado.
– Amo o que faço. Nosso desafio é conquistar os clientes todos os dias – afirma Roseli.
Entenda como o consumidor faz escolhas quando precisa economizar