O comerciante Osni Benevenutti tem 48 anos, seis filhos, quatro netos e é um velho conhecido no Morro do Meio, bairro da zona Oeste de Joinville.

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Lá nasceu, cresceu, planta, cria animais e comanda um ferro velho que garante o sustento de várias famílias da região.

Mas cada vez que toca no assunto, ele repete que tem apenas quatro dias de vida e que vai levar oito meses para andar, como um recém-nascido.

Osni é sobrevivente de um acidente espetacular ocorrido durante um temporal no fim de tarde do dia 26 de janeiro em Joinville e que foi filmado por acaso pela sua nora, Tamires Hoffmann Kusz.

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As imagens estão passando de celular em celular, provocando sempre uma expressão de incredulidade em quem assiste ao vídeo. O temporal começou por volta das 16 horas de terça-feira e atingiu principalmente a zona rural da cidade. Osni percebeu que parte da cobertura de metal do galpão onde fica o ferro velho balançava e corria o risco de ser levado pelo vento.

Ele, um dos filhos e um funcionário correram para tentar amarrar a estrutura de madeira e metal. As cordas usadas para amarrar cargas em caminhões seriam fortes o suficiente para impedir que o telhado levantasse.

Mas não deu tempo.

Quando uma das cordas foi passada pela estrutura de madeira que sustenta o telhado, tudo começou a voar. Havia dois rolos de corda e Osni não sabia qual deles já havia passado pelo telhado.

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É tudo o que ele lembra.

O comerciante de ferro velho ficou dois dias desacordado no Hospital São José, com um braço e uma perna quebrados, vários ferimentos pelo corpo e um corte com mais de 15 pontos na cabeça.

Osni não estava segurando a corda. Segundo os relatos dos funcionários, a corda se enrolou nele quando o telhado começou a voar. Nas imagens que estão circulando pelas redes sociais, o telhado aparece se dobrando pelo vento e se desprendendo do galpão.

De repente, o corpo de Osni aparece voando sobre as telhas. Não dá para ver no vídeo onde ele foi parar. Ele voou por cerca de 25 metros e caiu perto de outro galpão, na mesma propriedade, conhecida em toda a região como Chácara do Nono.

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Os escombros ainda caíram sobre ele e foram necessários vários homens para levantar a madeira e as telhas.

A nora, que filmou tudo, disse que não percebeu que o sogro estava no vídeo.

– Primeiro a gente nem percebeu que ele estava junto com o telhado. Só quando vimos de novo o vídeo é deu pra ver que ele estava lá. Foi um susto – diz Tamires.

Osni foi internado no Hospital São José, onde ficou desacordado por dois dias.

– Eu nasci de novo. Tenho quatro dias de vida. Vou levar oito meses para andar, como uma criança – diz o comerciante.

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Ele não lembra de nada entre os instantes que antecederam o acidente, na tarde de terça-feira, dia 26, e a noite de quinta-feira, dia 28, quando ele acordou, já num leito do Hospital São José.

Nesta segunda-feira, ele recebeu a reportagem de A Notícia em casa. Deitado numa cama improvisada em frente à televisão, ele ainda apresenta muitas marcas do acidente.

Ele deve permanecer pelo menos 90 dias assim, sem andar ou fazer movimentos bruscos. A expectativa dos médicos é de que depois desse primeiro período de recuperação, ele possa começar a fazer sessões de fisioterapia e, só depois, voltar a andar.

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