Você se importou com a mãe que teve o filho assassinado enquanto amamentava, em frente à rodoviária de Imbituba? Pois eu achei chocante ter encontrado manchetes de capa na Folha de São Paulo e no Estadão sobre isso, mas nada no Diário Catarinense nem na Zero Hora. A invisibilidade do caso nos principais jornais do Sul do país é um sintoma da cultura de tratar indígenas, como aquela mãe e aquele bebê, como aqueles que “já teriam desaparecido”.

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Sou catarinense, de Porto União, e desde que nasci minha família veraneou no litoral, em cidades como Balneário Camboriú, Itajaí e outras. Encontrar pessoas de outros municípios e de outros estados sempre foi comum nessa rotina de viagens de verão. Tornou-se também comum encontrar indígenas vendendo seu artesanato colorido nas praias.

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O fato de as famílias indígenas também habitarem o litoral no verão – antes mesmo de Santa Catarina se tornar Santa Catarina, diga-se de passagem – parece não ter sido assimilado naturalmente.

Mas aqui está uma voz catarinense, a dar nome a essa invisibilidade do indígena na cultura de nosso Estado: racismo. O nome é forte e provavelmente você deu uma risadinha irônica ao ler isso.

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Se você não se importou com a morte do bebê indígena, nem com o desamparo daquela mãe que teve o filho assassinado em seu colo, mas com o fato da família indígena ser mais uma a habitar o litoral no verão, pare e pense. Você é mais um dos que precisam participar da conversa e rediscutir a identidade do nosso Estado.

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Por quê? Porque estamos em 2016. Já passou da hora de o catarinense abraçar o que há de indígena em si.

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