Um bezerrinho de plástico era o brinquedo favorito do pequeno índio caingangue Vitor Pinto, enterrado às 16h de sexta-feira, no cemitério da Aldeia Condá, em Chapecó. No velório, em uma das igrejas evangélicas da comunidade, parentes e amigos da família seguravam placas com pedido por justiça. A tristeza dividia espaço com a indignação e a pergunta: por que tamanha crueldade?
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O menino foi morto por um desconhecido da família na rodoviária de Imbituba, no Sul do Estado, na quarta-feira, enquanto era amamentado pela mãe.
— Quem fez isso é um monstro – disse Celinho Alves, primo da vítima.
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A vice-cacique da Aldeia Condá e tia do menino, Márcia Rodrigues, lembra que no dia em que a família de Vitor saiu de Chapecó, 18 de dezembro, para vender artesanato no litoral e garantir o sustento da família, ele foi despedir-se dela:
— Não imaginei que seria a última vez que o veria.
Márcia sempre guardava as roupas que não serviam mais para seus filhos e dava para Vitor, um menino alegre e muito ativo. Ela suspeita que o crime possa ser resquício de preconceito contra os indígenas.
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— Nós queremos justiça – disse o pai.
Os cartazes pedindo justiça seguiram em mãos durante o cortejo e foram colocados sobre o túmulo do menino.
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O bezerrinho e outros brinquedos de Vitor serão cuidados pela irmã irmã Jessé, de seis anos, e a irmã mais velha, Elionai, de 15. As brincadeiras na frente de casa, de onde é possível avistar o rio Uruguai e o vale em seu entorno, não terão mais a alegria de Vitor. A dor vai persistir enquanto os índios aguardam a justiça dos brancos.