Cinco nomes investigados pela Polícia Federal na Operação República Velha, que apura irregularidades eleitorais praticadas em 2014, serão ouvidos nos próximos dias. Os detalhes sobre o cronograma dos depoimentos não foram divulgados, mas o próximo passo da polícia é fazer a análise documental e confrontar com o que dizem os investigados
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Registros contábeis, notebooks, celulares e HDs externos foram recolhidos durante o cumprimento de 11 mandados de busca e apreensão na manhã desta sexta-feira em Criciúma, Içara, Morro da Fumaça e Florianópolis. A polícia investiga possíveis crimes eleitorais na campanha da atual secretária de Estado de Justiça e Cidadania, Ada Faraco de Luca (PMDB) para deputada estadual.
A suspeita é de que aproximadamente R$ 560 mil tenham sidos gastos por meio de caixa dois na campanha dela, numa contabilidade paralela. Conforme o delegado federal Rafael Broietti, uma declaração oficial de gastos de pouco mais de R$ 700 mil teria sido apresentada à Justiça Eleitoral. Assim, a tese da PF é de que cerca de 70% dos gastos não foram declarados.
A Polícia Federal, no entanto, não divulga nomes envolvidos na operação. A justificativa é de que as investigações correm sob sigilo. A reportagem confirmou que a campanha investigada é a da candidatura de Ada de Luca após ter acesso a um trecho da decisão do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina, órgão responsável por expedir os mandados a pedido da Polícia Federal. No documento, o tribunal cita o requerimento da PF e menciona a campanha eleitoral da deputada.
— No decorrer das investigações foram inqueridas diversas pessoas e conseguimos verificar que elas teriam sido aliciadas para trabalhar na campanha eleitoral de uma pessoa que concorreu ao cargo de deputado estadual, bem como foram aliciadas para dedicar seu voto a essa candidata. Foi representado junto ao Tribunal Regional Eleitora a expedição de mandados não só do candidato, mas também dos coordenadores de campanha — explicou o delegado Rafael Broietti.
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Mais quatro pessoas são relacionadas como coordenadores de campanha e também são investigadas. Segundo o delegado, a documentação recolhida será analisada para apurar não somente os crimes de falsa informação à Justiça Eleitoral, corrupção eleitoral e boca de urna, mas também de “caixa dois”.
Nota oficial
A secretária Ada de Luca divulgou uma nota à imprensa no começo da noite desta sexta-feira:
“Em relação a ‘Operação República Velha’, deflagrada pela Polícia Federal nesta sexta-feira, é importante ressaltar que a própria polícia reiterou, por diversas vezes, que não há envolvimento da Administração Pública nas investigações. O objeto de investigação diz respeito à prestação de contas da eleição de 2014. Tão logo chegue a meu conhecimento os fatos investigados, os mesmos serão devidamente respondidos.”