Interceptações telefônicas, monitoramento de almoços regados a frutos do mar e a churrasco, acompanhamentos de saques que alcançam R$ 280 mil em bancos e que culminaram com a renovação por seis meses do contrato da empresa privada, sem licitação, na última sexta-feira, pela Águas de Palhoça.
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Esses são alguns dos principais detalhes da investigação que levou à prisão por corrupção do secretário municipal de Governo de Palhoça, Carlos Alberto Fernandes Júnior (PSDB), o Caco, 37 anos, do pai dele, o engenheiro Carlos Alberto Fernandes, 68, e do empresário Luiz Fernando Oliveira da Silva, 54.
Os três foram monitorados numa investigação de 30 dias do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Conforme policiais que integram a equipe, o secretário Caco teria negociado por intermédio do pai – apontado como lobista na investigação – a renovação do contrato com a empresa Raiz Soluções, do empresário Luiz Fernando, que também foi preso.
Além do encontro de segunda-feira, em que foram apreendidos valores com os presos, o Gaeco monitorou outras reuniões, na quinta e sexta-feira passadas. Numa delas, apuraram os policiais, o empresário Luiz Fernando teria recebido o contrato de renovação. Foi então que providenciou os pagamentos ao secretário Caco e ao pai, cujos saques Luiz Fernando fez numa agência do Banco do Brasil em Canasvieiras.
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O promotor responsável pela investigação, Alexandre Graziotin, afirma que houve ajustes e negociação ilegal da renovação do contrato, motivos que originaram as prisões por corrupção ativa e passiva. Os três presos seguem detidos.
Ainda não houve decisão judicial sobre o flagrante. Todos os presos optaram por ficar em silêncio no depoimento na Deic, sobre a prisao. O DC tentou contato com o advogado de Caco e do pai dele, Acácio Sardá, mas um colega do mesmo escritório afirmou que ele ainda está se inteirando do caso e só depois deverá se manifestar.
O empresário Luiz Fernando contratou o advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho. Ele disse que as denúncias não procedem, que foram formuladas por desafetos e concorrentes empresariais e que vai se manifestar com mais detalhes quando tiver acesso a toda a investigação.
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O prefeito Camilo Martins (PSD) anunciou a exoneração de Caco. Determinou o afastamento, por 60 dias, do servidor Allan Pyetro de Melo de Souza da superintendência da Águas de Palhoça. Camilo anunciou ainda que será realizada uma auditoria nos contratos da companhia, a abertura de sindicância e a realização de licitação.
Além de Palhoça, a empresa Raiz Soluções presta serviços de saneameto a 41 cidades, sendo 23 em SC.