Cauteloso nas informações e sem pontuar o envolvimento de cada um dos presos, o promotor Alexandre Graziotin disse que irregularidades na administração municipal levaram às prisões na tarde desta segunda-feira, em Palhoça, na Grande Florianópolis.
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Entre os presos está o secretário municipal de Governo, Carlos Alberto Fernandes Júnior, o Caco.
O promotor, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de Santa Catarina, se manifestou sobre os motivos da ação às 23h15min, na Deic, em Florianópolis.
A entrevista com os jornalistas aconteceu seis horas depois do começo da ação em flagrante em Palhoça. Confira os principais trechos:
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Quantas pessoas foram detidas?
Alexandre Graziotin _ São quatro pessoas detidas. O procedimento agora é da polícia, de um delegado (Clóvis Nossi) que atua no Gaeco e está fazendo o flagrante. Então haverá o encaminhamento desse flagrante ao juízo para posterior análise da situação de flagrante.
Qual o teor da investigação nessa operação?
Graziotin _ A promotoria de Justiça de Palhoça faz uma investigação a respeito de eventuais indícios de irregularidades na administração municipal de Palhoça, notadamente em contratos celebrados pela empresa Águas de Palhoça, que é uma autarquia municipal, e em função dessa investigação houve, se verificou, a possível ocorrência de um crime e esse flagrante foi lavrado pela autoridade policial.
Qual seria esse crime? Foi corrupção?
Graziotin _ Pois bem, o auto de prisão em flagrante foi justamente pelas práticas de delitos supostamente de corrupção ativa e passiva.
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O senhor confirma a apreensão de dinheiro?
Graziotin _ Efetivamente foram apreendidos valores, não sei exatamente a quantidade, mas não é um valor pequeno, é um valor considerável. Porém, não saberia dizer quanto nem com quem que foram apreendidos (mais de R$ 100 mil).
Há informação de prisão por desacato e vias de fato na Águas de Palhoça. O que aconteceu?
Graziotin _ Pois bem, há uma informação que durante a abordagem da prisão em flagrante – que seria cumprimento de mandado de busca, pois o Ministério Público havia feito o pedido também para alimentar a prova – uma pessoa que não estava envolvida diretamente na investigação e nem no auto de prisão em flagrante teria resistido ao ato legal de cumprimento de prisão e também à busca e apreensão.
Foi comprovado algum pagamento, o que aconteceu para legitimar a prisão?
Graziotin _ É, a situação para gerar um auto de prisão em flagrante pressupõe alguns dos requisitos dos artigos 301 e 302 do Código de Processo Penal, no caso foi o que se verificou e o que gerou a atuação dos policiais do Gaeco.
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Os presos permanecerão na Deic?
Graziotin _ O auto de prisão em flagrante tem que ser homologado pelo juízo e eventualmente da análise sobre a conversão dessa prisão em flagrante, que hoje é um requisito legal, com relação à prisão preventiva. Depois disso é que poderemos dizer se eles permanecerão presos ou não, dependendo da avaliação do juiz.
Foi flagrado pagamento de suborno ou desvio de dinheiro?
Graziotin _ O auto de prisão em flagrante, quando pressupõe as práticas de corrupção passiva e ativa, com a apreensão de dinheiro, se pressupõe que existiu alguma coisa dessa natureza.
Há um funcionário público e os demais?
Graziotin _ Os demais não são funcionários públicos.
Os demais trabalham envolvidos na Águas de Palhoça?
Graziotin _ As investigações mostram a vinculação de terceiros, particulares, com agentes públicos. Essa circunstância que gerou o auto de prisão em flagrante por conta de uma vantagem que se pressupõe indevida a um funcionário.
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Uma empresa então teria vantagem através de licitações por essa companhia de Palhoça?
Graziotin _ O fato de haver vantagem é alvo de apuração e agora no decorrer dessa investigação surgiu esse fato envolvendo a remessa, a entrega desse dinheiro, então por isso se lavrou o auto de prisão em flagrante. Mas a análise continuará com relação a esse fato de eventuais crimes contra a administração pública no que diz respeito a licitações.
Os mandados foram solicitados antes da prisão em flagrante?
Graziotin _ Antes. Foram cinco mandados (em órgãos públicos e residências).
A investigação é recente?
Graziotin _ Sim, é recente.