Enquanto o Presídio de Regional de Blumenau segue em funcionamento, o interventor Marco Antônio Caldeira aposta em melhorias na estrutura e na condição de vida dos detentos para possibilitar um ambiente mais humano e menos propício a fugas. Após a última grande escapada, em janeiro de 2015, quando 28 presos fugiram, medidas foram tomadas para aumentar a segurança na estrutura, que foi considerada pelo Departamento de Administração Prisional (Deap) a pior do Estado. O órgão apontou a fuga como a maior dos últimos quatro anos em SC.

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Em julho passado, após o episódio e a troca de gestão da unidade, uma comitiva da Coordenação de Acompanhamento do Sistema Carcerário Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) vistoriou o local e com base no que foi visto e em relatos de presos e agentes prisionais montou um relatório para o Conselho Nacional de Justiça. Tudo indica que a situação melhorou. O secretário de desenvolvimento regional Cássio Quadros acredita que a vinda de Caldeira para Blumenau acarretou em sérias mudanças que, diz ele, serão perpetuadas na nova unidade:

– Ele tem feito um grande trabalho, é competente e organizado e montou uma boa equipe. Não temos dúvida da capacidade dele para gerir a nova penitenciária – comenta.

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Desde março de 2015 unidade não registra fugas

Caldeira acrescenta que desde que assumiu a gestão do espaço, em março do ano passado, não houve fugas do presídio de Blumenau. Além disso, ele se orgulha de ter criado uma relação de diálogo com os presos. Para dar continuidade aos resultados positivos no sistema prisional da cidade, o interventor defende que é preciso continuar tratando o detento com mais humanidade:

– Nós não podemos ser um Estado opressor, e sim um Estado que estende a mão. A grande maioria das pessoas é recuperável. O que você tem que dar para o ser humano? Perspectiva. Quando o Estado não interage nessa linha do tempo criminosa que acontece aqui dentro, a perspectiva que o preso cria é a do crime. Quem adentra os portões da prisão é um ser humano. Eu não chamo preso de vagabundo – comenta o interventor.

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Piso reforçado e ambientes acolhedores para visitantes

Para reforçar e aperfeiçoar a estrutura do Presídio Regional foi proposto à Secretaria de Justiça e Cidadania um cronograma de obras que devem ser concluídas em 45 dias, segundo o engenheiro Álvaro Ling Júnior, caso o tempo continue firme. Com verba de R$ 2,4 milhões repassada pela Secretaria de Justiça em Cidadania, Caldeira aposta em melhorias nos ambulatórios e ambientes odontológicos, que ganharam pintura e reforma em portas, piso e até um novo depósito.

Há ainda a ampliação do pátio do regime semiaberto, que sairá de 50 para 150 metros quadrados. Além disso, três galerias ganharam nova cobertura e revisão nos sistemas de saneamento, esgoto, eletricidade e águas pluviais. Foram construídas duas salas de aula. Na entrada do presídio, a casa onde os visitantes encontram os presos vai ganhar uma brinquedoteca. A cozinha também será reformada. Outra novidade é uma parceria com os cursos de Psicologia e Sociologia da Furb, cujos alunos vão trabalhar e desenvolver projetos em um laboratório especial montado dentro do presídio.

Nas celas o piso foi reforçado para dificultar a escavação de buracos para fuga, com aplicação de uma camada de 25 centímetros de concreto usinado e uma malha de ferro de meia polegada em todas as alas.

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– Por si só isso vai garantir que não fujam mais presos? Óbvio que não. Mas o preso vai demorar mais pra cavar. O problema é que Blumenau é um queijo, e os detentos sabem. Descobri que quando se fechava os buracos que os presos cavavam não se fechava o túnel em si, só o começo e o fim do buraco – diz o interventor, que prefere não comentar sobre uma eventual saída do presídio de Blumenau para atuar exclusivamente na penitenciária.