Investigado como suposto pivô da nova onda de atentados, o traficante Rodrigo de Oliveira, o Rodrigo da Pedra, 32 anos, é um velho conhecido de policiais, promotores e juízes em Florianópolis.
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Isso por causa da ficha criminal que o condenou a 10 anos de prisão, pelo envolvimento com o comércio de drogas no Morro do Horácio, que fica em posição nobre da Capital, na Agronômica.
Ao longo dos anos, o chamado patrão de bocas de fumo do Horácio também se envolveu com o Primeiro Grupo Catarinense. Hoje, é integrante da cúpula da facção.
Agora, autoridades e policiais lançaram declarações de que a sua transferência da Penitenciária de São Pedro de Alcântara, na Grande Florianópolis, para a Penitenciária Sul de Criciúma, no dia 24 deste mês, teria motivado a ordem para os crimes nas ruas como forma de protesto.
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O próprio secretário da Segurança Pública, César Grubba, não descartou essa possibilidade em entrevistas, nos últimos dias. Mas é nos setores de inteligência das polícias e entre agentes penitenciários que ela circulou mais forte.
– A transferência é algo normal, temos 20 por dia, faz parte da dinâmica do sistema prisional – assinalou o diretor do Departamento de Administração Prisional (Deap), Leandro Lima, na entrevista coletiva de sexta-feira, no comando da Polícia Militar.
Leandro não vê nenhuma relação com a transferência do traficante. Embora o clima não seja favorável ao sistema prisional, com a confirmação de que a ordem para os novos crimes possam ter saído de prisões, o diretor garantiu que o sistema prisional está tranquilo.
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Rodrigo da Pedra não está entre os nove denunciados à Justiça pelo assassinato da agente penitenciária Deise Alves, em 26 de outubro do ano passado, primeiro estopim à série de atentados de novembro. Figuram na lista integrantes do chamado ministério do PGC, do qual ele estaria fora atualmente.
O advogado do traficante, Rodrigo Campos Ferreira, o visitou na prisão em Criciúma, na quinta-feira, e afirma: Rodrigo nega qualquer relação com os atentados.
– Ele não tem nada a ver com isso e agradeceu ao juiz Humberto Goulart da Silveira pela transferência, porque assim vai poder cumprir a pena sem perseguição de diretor – disse o advogado.
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Segundo ele, Rodrigo não sabia dos atentados, pois está numa cela de isolamento em Criciúma. A transferência se deu porque o Deap apreendeu rádio HD, celular e bateria na cela em que ele dividia com mais cinco homens, em São Pedro de Alcântara. O advogado diz que os aparelhos não pertenciam a Rodrigo.
Relembre os ataques mais recentes:
Os ataques recomeçaram às 22h de quarta-feira, em Balneário Camboriú, também com um ônibus como alvo. Dois homens armados renderam o motorista, na Rua Dom Henrique, e atearam fogo ao veículo. Os bandidos usavam máscaras do filme Pânico. Um suspeito foi baleado, mas fugiu. O outro foi preso.
Uma hora depois, um ônibus da empresa Rodovel foi incendiado no Bairro Bela Vista, em Gaspar. Vinte minutos depois, no Bairro Figueira, outro veículo foi alvo dos criminosos.
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Quase no mesmo horário, em Itajaí, um bar e mercearia localizado no Bairro Cordeiros, em Itajaí, também pode ter sido alvo. De acordo com testemunhas, garotos de bicicleta passaram pelo local na noite de quarta-feira, jogaram garrafas pet com gasolina e depois atearam fogo.
Confira o mapa das ações criminosas desde quarta-feira:
Visualizar Atentados em SC – 2013 em um mapa maior
Ainda em Itajaí, uma viatura da Coordenadoria de Trânsito da prefeitura foi incendiado por volta de 1h30min. O veículo estava no pátio da Secretaria Municipal de Segurança, na Rua Blumenau, quando alguém passou de carro e jogou um coquetel molotov.
Segunda noite de ataques
A delegacia de Camboriú foi atacada e o local isolado depois que uma granada caseira, feita com cano de PVC, foi arremessada. O objeto, que não chegou a explodir, foi encontrado em frente ao muro da delegacia. O fato ocorreu por volta das 23h30.
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Cerca de uma hora antes, o incêndio criminoso de um ônibus no Bairro João Paulo, às 22h30min de quinta-feira colocou Florianópolis no cenário da retomada dos atentados terroristas em Santa Catarina. Dois rapazes fugiram em uma moto. Suspeitos de terem participado do crime foram detidos ainda durante a madrugada pela PM. Um deles tinha 23 anos e o outro era um menor, de 17 anos.
::: Confira a galeria de fotos dos atentados em Santa Catarina
Passava das 23h30min quando dois ônibus foram atacados em Palhoça. Um deles era da APAE de Balneário Camboriú que aguardava adesivagem e teve os pneus queimados. O outro, um veículo de turismo, foi queimado próximo a garagem da empresa Jotur.
No Norte da Ilha, dois ônibus da empresa Canasvieiras também foram incendiados por volta de 23h40min. Um atentado aconteceu na estrada Dário Manoel Cardoso, na praia dos Ingleses – onde um rapaz sofreu queimaduras de segundo grau – e outro foi na Rodovia João Gualberto Soares, na localidade do Canto do Lamim. O rapaz de 19 anos foi levado para o Hospital Celso Ramos em estado grave.
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A madrugada de ataques terminou por volta das 5h quando uma base da Polícia Militar, em Canasvieiras, foi incendiada. De acordo com testemunhas, quatro rapazes teriam praticado o crime.
Na sexta-feira, o ataque no Sul aconteceu por volta de 22h30min, entre o bairro Progresso e a Vila União, em Criciúma. O ônibus da empresa Forquilhinha, que levava trabalhadores de uma empresa da região, foi completamente destruído depois que um coquetel Molotov foi jogado no interior do veículo.
Órgãos de Segurança Pública passaram a sexta-feira em reuniões para tentar controlar a nova onda de atentados. As empresas de ônibus reduziram algumas linhas.
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Transferências de líderes da facção pode estar por trás da série de ataques. O Comando Geral da Polícia Militar nega qualquer relação com ocorrido em novembro de 2012 ou com o PGC.
Clima de tensão na Capital
Pela Avenida Beira-Mar Norte, a principal da Capital, veículos com sirene aberta passavam de um lado a outro, a toda velocidade, com giroflex acionados. O voo do helicóptero por sobre os prédios também compunha o cenário que confirmava o reinício da onda de ataques do crime organizado.
Uma das barreiras foi montada
na Avenida Mauro Ramos
Foto: Cristiano Estrela/Agência RBS
Em pelo menos quatro pontos da cidade havia fiscalização militar na Capital na madrugada de sexta-feira. Embora não admitam que é uma estrategia para responder mais rapidamente a atentados em Florianópolis, os PMs realizaram, quatro barreiras na cidade, na ponte Pedro Ivo Campos, na Prainha, no bairro Agronômica e na Avenida Mauro Ramos.
Prisões
Até as 21h desta sexta-feira, pelo menos 11 pessoas foram detidas, suspeitas de envolvimento nos ataques. Destes, sete são menores de idade. No celular de um dos presos foi encontrada uma mensagem que autorizava os atentados.
Transporte público
Em uma reunião na tarde desta sexta, Setuf (Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Passageiros da Grande Florianópolis) e Polícia Militar decidiram que, por medida de segurança, os ônibus devem circular normalmente só até às 19h30 desta sexta-feira . Depois deste horário, apenas algumas linhas devem cumprir seus itinerários com escolta policial. No sábado e no domingo, o esquema continua e os ônibus devem circular até às 21h.