Não há lenda que sustente a ideia, mas há na rua Lages um imóvel que está prestes a entrar em ebulição. Não há registros de fenômenos sobrenaturais, tampouco motivos para pânico, mas como quem avisa, bom amigo é, Joinville irá ganhar um chacoalhão no cenário cultural. Previsto para ser inaugurado ainda neste ano, as paredes do Instituto Juarez Machado já estão erguidas e a estrutura física ficará pronta até maio.

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Quando deixou Joinville em 1980, Juarez Machado prometeu a si mesmo que voltaria para sua cidade natal com um objetivo: montar uma escola de artes. Hoje, aos 73 anos, ele restaurou e transformou a casa antiga da família na sede do centro cultural que irá abrigar suas obras, exposições, uma loja, ações educativas e um centro administrativo.

O outro prédio, construído especialmente para exposições, terá uma fachada com duas referências da cidade. Na parte de cima, o vidro inclinado, lembrando as antigas fábricas. Na parte inferior, o destaque será a parede enxaimel feita de aço. O espaço coleciona 1,2 mil m² – duzentos a mais do que o esperado por Juarez, graças a compra do imóvel vizinho.

– Queria deixar um legado para Joinville. Por isso, a ideia do instituto. Será uma coisa que vive, com intercâmbio com artistas – e há vários amigos interessados -, cursos para crianças, espaço para exposições, divulgação de salões de arte e um espaço de incentivo para os jovens artistas – expõe Juarez.

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Por enquanto, o projeto está nas mãos de uma equipe encabeçada por Germano Buch. Enquanto as obras são finalizadas, o braço direito do artista está em busca de captação de recursos de patrocinadores via leis de incentivo com dedução fiscal. A recompensa é sedutora: Juarez preparou um pincel de ferro fundido que terá gravado o nome da empresa investidora e será exposto em uma parede na entrada do instituto. A essência do planejamento minimalista de Germano é tornar o local sustentável e independente.

Paralelamente, é realizado o processo de pesquisa e catalogação das obras do artista. Três mil quadros, pilhas de fotografias, material audiovisual do início da televisão brasileira, cartas trocadas com Jorge Amado, Tom Jobim e poemas feitos por Carlos Drummond de Andrade são algumas das preciosidades que o local irá abrigar e que poderão ser consultadas virtualmente.

Mesmo com o instituto criado, Juarez não pretende voltar a morar em terras joinvilenses. Por isso, ele já desenhou o escopo dos responsáveis por manter o espaço. Entre os designados está seu irmão, Edson Machado, que será o curador. A primeira exposição terá a cara de Joinville de alguns anos: as bicicletas. Outro ponto importante é a proximidade com o Museu de Arte de Joinville e a Cidadela Cultural Antarctica, favorecendo a criação de um circuito cultural na cidade.

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