No dia 28 de agosto, tive o prazer de entrevistar o repórter especial da Globo, Marcelo Canellas, aqui na redação do DC. Canellas foi claro em defender que não existe assepsia emocional no jornalismo. Ou seja, somos sim, sujeitos à subjetividade no nosso trabalho. A emoção interfere não só na realização de uma reportagem, mas também na escolha dos temas. Canellas insistiu por anos para fazer a sua série de reportagens sobre a fome no Brasil, que depois ganhou vários prêmios.
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Desde que entrei no DC, em janeiro deste ano, busco sempre que possível fazer reportagens sobre a situação dos ciclistas em Santa Catarina. Em fevereiro, junto com a repórter Gabriela Rovai, fiz um levantamento sobre a saga dos ciclistas em Florianópolis, por um trânsito mais democrático, que comporte os carros, os pedestres e as bicicletas em harmonia. De lá para cá, nem um metro de ciclovia foi construído. O maior prêmio seria ver o número de ciclovias aumentar e o de acidentes com ciclistas diminuir.
Quando era estudante de jornalismo na UFSC, em 2006, adotei a bicicleta como meio de transporte. Além de escapar do transporte público, contava com o privilégio de ir trabalhar, no Centro de Florianópolis, transitando quase que exclusivamente por ciclovias. Mesmo adotando os equipamentos e procedimentos de segurança indicados, algumas vezes me senti em situações desconfortáveis no trânsito.
Era muito perigoso transitar pela Avenida Madre Benvenuta, da qual sou vizinha. Como não há acostamento, os ciclistas têm que escolher entre seguir ao lado dos carros ou invadir as calçadas incomodando os pedestres. Logo ali, na avenida que liga a ciclovia da Avenida Beira-Mar com o caminho que vai para a Lagoa da Conceição e o Norte da Ilha, passando pela Udesc, onde muitos estudantes e funcionários são ciclistas.
O horário político afirma com orgulho que Florianópolis é a capital brasileira na qual mais pessoas praticam exercícios físicos, mas deixa de lado as estatísticas sobre os acidentes que essas pessoas sofrem. Os moradores da cidade buscam qualidade de vida e a convivência com as lindas paisagens da cidade na prática de ciclismo, atletismo. Infelizmente, o exercício não é apenas um fator de qualidade de vida, mas também de risco de vida.
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