Uma inspeção feita nas dependências do Presídio Feminino de Tubarão, no Sul do Estado, na tarde desta quinta-feira, identificou diversas irregularidades nas instalações elétricas do edifício. Embora o Ministério Público estadual (MP-SC) considere a situação crítica, não foi verificada a necessidade de desocupação imediata do prédio. Uma nova vistoria – mais completa, feita pela equipe de engenharia elétrica do MP-SC – deve ocorrer até o fim do mês.

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A vistoria integra um inquérito instaurado em 4 de julho a partir de denúncias feitas ao Ministério Público. Além do MP-SC, participaram representantes do Poder Judiciário, da Defensoria Pública, bombeiros, Defesa Civil e Conselho da Comunidade de Tubarão.

Segundo o promotor Fábio Lyrio, do MP-SC, foram recebidas pelo menos oito queixas sobre o presídio em 2014, relatando principalmente problemas de infraestrutura, superlotação e deficiências nos serviços prestados às detentas. As denúncias vêm de moradores de Tubarão, parentes de detentas e funcionários do sistema prisional.

Foto: Anna Paula Cunha Cultz/Divulgação, MP-SC

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A inspeção desta quinta-feira, entretanto, não identificou as deficiências relatada nas denúncias. Segundo Lyrio, serviços como atendimento médico, alimentação, aulas e oficinas de trabalhos estão sendo prestados em boas condições. Não foram identificados problemas graves de superlotação – hoje, o presídio excede em duas dententas a lotação máxima de 80 pessoas.

Alguns problemas na parte hidráulica foram encontrados, mas nenhuma urgência que ameace a segurança das detentas ou dos funcionários. Para o promotor, as instalações elétricas são “certamente” a questão mais problemática por colocar em risco a vida de quem circula pelo presídio.

– Os bombeiros não consideraram a situação urgente o bastante para desocupar o prédio, mas a inspeção se resumiu à estrutura visível. A vistoria mais aprofundada dos engenheiros elétricos deve ser feita o quanto antes, no máximo até o fim do mês, porque este é o tipo de adversidade que não pode demorar para ser solucionada.

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Novo presídio feminino pode tranquilizar situação no Sul

O Pacto da Justiça e Cidadania, lançado pelo governo estadual em outubro de 2012, prevê investimentos nos sistemas penitenciário e socioeducativo no total de R$ 265 milhões. As melhorias estão sendo feitas com investimentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Em Criciúma, estão previstas a construção da Penitenciária Feminina e do Presídio Regional, além da ampliação e construção do semiaberto da Penitenciária Sul. Em Araranguá, há planos de construção do Presídio Regional. Já em Tubarão, um novo presídio feminino deve começar a ser construído ainda em 2014. Juntas, as três unidades irão criar cerca de 1,4 mil vagas no sistema prisional do Sul de SC.

Para Sady Beck Júnior, secretário da Justiça e Cidadania, os problemas elétricos no Presídio Feminino de Tubarão são conhecidos por parte do poder público, mas não apresentam risco imediato às detentas ou aos funcionários. Beck afirma que, devido à previsão de construção de um novo centro de detenção, seria pouco vantajoso intervir no prédio antigo.

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– Jamais permitiríamos a manutenção de uma rede elétrica que ofereça qualquer tipo de perigo, mas não é o caso deste edifício. Temos um orçamento bastante enxuto e a unidade de Tubarão, que antigamente era um presídio masculino, funciona como um “quebra-galho”. Não faria sentido empreender grandes reformas em um prédio tão velho quando um novo já está pronto para ser construído.

Brigada anti-incêndio e treinamento de emergência para apenadas

O inquérito instaurado pelo MP-SC tem até julho do ano que vem para ser encerrado, mas o promotor Lyrio acredita que a urgência da situação acelere o andamento das apurações.

– É um edifício que demanda esforço do Ministério Público há bastante tempo. Uma ação civil pública instaurada em 2006 pedia a reforma do presídio, mas acabou parando no Supremo Tribunal Federal. Nosso objetivo agora é avaliar o que mudou nestes oito anos.

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Como medida preventiva deve ser formalizada, nos próximos dias, uma brigada anti-incêndio composta por funcionários do sistema prisional – de maneira similar às Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (Cipa), comuns em empresas com grande circulação de trabalhadores. Além disso, as detentas receberão um treinamento para incêndios e situações de emergência.