– Quando o resultado de dois mais dois é cinco, estamos dentro.
Essa é a análise sobre oportunidades de Harry Schmelzer Jr., presidente da WEG, empresa com sede em Jaraguá do Sul que fatura US$ 2,7 bilhões por ano e emprega mais de 30 mil funcionários no mundo.
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O executivo conversou com Negócios & Cia. há cerca de 15 dias, durante a cerimônia de premiação do Top of Mind Santa Catarina, um dos muitos reconhecimentos importantes recebidos pela companhia neste ano.
A WEG também foi eleita, pela primeira vez, a empresa do ano pelo ranking Melhores e Maiores da revista Exame, um dos mais respeitados no meio empresarial e consta da lista das dez melhores em inovação pelo jornal Valor Econômico.
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Nesta entrevista, Schmelzer Jr. expõe os fatores-chave do processo de inovação da companhia.
Negócios & Cia – O que é determinante para uma empresa alavancar o processo de inovação?
Harry Schmelzer Jr. – É muito importante criar na companhia desafios permanentes de mudanças. Pode ser meta de conquista de mercado, de segmento, de novos desenvolvimentos. Com isso, a companhia, por si só, e todos os envolvidos começam a desenvolver e a inovar. O principal executivo deve estar à frente das mudanças e oportunidades, da busca do novo. Esta é a missão do principal executivo.
N&C – A empresa deve ter uma área de inovação?
Schmelzer Jr. – Não precisa ter com esse nome, não adianta criar nomes, o que importa é a cultura da inovação, buscar permanentemente novos desafios. A inovação em uma companhia não é fazer coisas disruptivas. É claro que ela existe em alguns negócios, mas buscar permanentemente melhorias em todos os departamentos. Não existe um diretor ou uma área que vai inovar. Todas as áreas, de vendas, de TI ou de desenvolvimento, têm que fazer inovação.
N&C – É possível dar um salto em inovação dentro de casa ou isso requer algo do mercado?
Schmelzer Jr. – Depende da cultura e da estrutura da companhia. A WEG nunca buscou recursos de fora para fazer com que ela inove, mas há pessoas e empresas que podem nos ajudar em pontos específicos. Não acredito que o propulsor, aquele que vai criar uma mudança na companhia para inovar, seja alguém de fora, tem que ser de dentro. Mas existem empresas que não têm uma cultura desenvolvida e podem pedir ajuda a consultores ou a alguma entidade. O importante é ter críticos dentro da organização que queiram inovar e façam suas contribuições. E uma pessoa de fora pode ajudar a fazer esse movimento, caso não se tenha internamente, mas a WEG nunca usou. A WEG contrata gente de fora para ajudar em pontos específicos.
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N&C – Como a WEG estrutura o processo de inovação?
Schmelzer Jr. – Além dos recursos internos, buscamos universidades do mundo todo para nos aprimorar e fazer inovações no padrão mundial. Temos que ter equipes de desenvolvimento fora do Brasil, na Alemanha, nos EUA, na China, os três centros em que a WEG está se desenvolvendo hoje. Temos um pequeno centro de desenvolvimento de controle eletrônico de motores e geradores na Alemanha. Compramos uma fábrica com esse objetivo. Ela faz motores de alta velocidade, um negócio novo, e tem engenheiros de cabelo branco, como eu digo, o que é muito importante para fazermos esta experiência. Nos Estados Unidos, compramos uma fábrica que trouxe mais tecnologia de geradores. Na China, vamos colocar uma diretoria de engenharia de desenvolvimento, pois a velocidade com que acontecem as coisas lá também é maior.
N&C – Qual é o limite na busca por oportunidades?
Schmelzer Jr. – O negócio da WEG é máquinas elétricas e automação para a indústria e sistema de energia. Dentro desse guarda-chuva, não há nada que a empresa não possa considerar para o futuro. Tem que estar no core business. Se abre mais o guarda-chuva, tem que ter sinergia com o negócio. Quando dois mais dois dá cinco, estamos dentro.