“Surto”. Assim foram classificados os casos de 15 pessoas contaminadas pela bactéria KPC, internadas no Hospital Municipal São José, em Joinville. Depois da morte de quatro pacientes, a diretoria do hospital admitiu nesta terça-feira, em coletiva de imprensa, o aumento súbito de pessoas colonizadas com o microrganismo super-resistente.

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Embora todos os pacientes que morreram estivessem infectados, apenas um óbito teve sintomas de infecção, febre e calafrios. Outros onze permanecem internado em isolamento. Um deles apresenta sintomas de infecção.

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O primeiro caso do surto foi identificado entre 18 e 21 de julho. Mas, em abril, um paciente já tinha apresentado contágio pelo microrganismo, totalizando 16 infectados neste ano. Desde o mês passado, em média, a cada dois dias surgia um novo caso.

Faz seis dias, de acordo com o gerente da unidade técnica, o médico Franco Haritsch, que não são identificados pacientes colonizados pela bactéria súper resistente.

Para manter o controle sobre a doença, “culturas de vigilância” tem sido feitas nos pacientes internados próximos dos infectados e nos transferidos entre hospitais.

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A enfermeira Renata da Silva Laurett, da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, explicou que é feito um exame, chamado Swab, por meio do qual são coletados materiais das mucosas nasal e retal, com uma espécie de cotonete.

A primeira medida, após a identificação do contágio, é isolar o paciente e orientar familiares, que recebem luvas e aventais especiais, além de orientações sobre a higiene das mãos.

Dois infectados morreram em decorrência de acidentes vasculares cerebrais. Um deles tinha cirrose hepática e câncer na bexiga. O motivo da internação de cada um deles foi também a causa oficialmente reconhecida da morte.

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– Os que morreram não eram jovens – alegou a infectologista, que completou:

– Já teriam um desfecho ruim.

Embora, apenas uma morte tenha sido ocasionada pela bactéria súper resistente, a situação do hospital é delicada. Está tudo sob controle, conforme explicou a infectologista. O São José tem 299 leitos. De acordo com informações da médica, não é quantidade de pacientes infectados que determinará algum descontrole.

Ela reconheceu que o número de infectados é bastante alto, mas que a disseminação do microrganismo só fugiria das rédeas se o hospital não tivesse meios para identificar e realizar as precauções padrão.

– Todo surto de bactéria é motivo de preocupação – alertou Fonseca.

Existem pacientes isolados em quartos no 1º, 2º, 3º e 4º andares. Um deles permanece em isolamento na emergência. Nas portas e biombos onde eles estão foi colocado um aviso de “precaução de contato”. O hospital tem tomado todas as medidas preventivas, conforme alegou o diretor presidente Carlos Alexandre da Silva. A quantidade de casos identificados não seria apenas motivo de alarde, mas fato de que o São José está atuando no combate à bactéria súper resistente.

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– Por nós termos vigilância, identificamos tantos casos – justificou o diretor.

Contágio e tratamento

A KPC é transmitida apenas pelo contato com uma pessoa contaminada. Muitas pessoas podem estar colonizadas pela bactéria sem apresentar sintomas, que aparecem quando, por exemplo, ocorre uma baixa na imunidade. O primeiro paciente infectado, reconhecido em abril, foi reinternado recentemente. É possível que outras pessoas de seu convívio pessoal tenham contraído o microrganismo, caso alguns cuidados higiênicos não tenham sido tomados.

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Para driblar a bactéria, é preciso lavar as vestes, roupas de cama e banho do paciente infectado separadamente. A infectologista exemplificou que, se a bactéria está na bexiga, é preciso tomar cuidado especial com a higiene do banheiro, evitando o contato com a urina infectada. Além disso, ela destacou que lavar as mãos é fundamental para a prevenção.

– Em nenhum lugar do mundo as pessoas lavam as mãos quando deveriam ser lavadas. Existem vários artigos científicos sobre esse assunto – comentou a médica infectologista Flávia Rodrigues Fonseca.

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O tratamento, quando se tem uma baixa imunológica e a infecção se manifesta é feito por meio de três antibióticos. Polimixina B, Tigeciclina e Aminoglocosídeos são o trio de combate à superbactéria. Eles atuam em duplas. Antes do contágio, é muito mais simples ficar livre da KPC. Existe uma receita muito simples tanto para a casa quanto para as pessoas.

– Com água e sabão sai tudo – orientou a infectologista.