A comissão de controle de infecção hospitalar (CCIH) do Hospital Municipal São José isolou uma das duas salas de apoio da emergência do pronto-socorro (PS) da unidade em Joinville na manhã de terça-feira. O motivo é a contaminação de quatro pacientes internados no local pela superbactéria KPC (klebsiella pneumoniae carbapenemase). A sala isolada tem cinco leitos.

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Com os novos casos, agora são 13 pacientes do hospital infectados pela bactéria. A assessoria de imprensa do São José informa que nove pacientes já estavam internados na unidade em quartos isolados. Três deles contraíram a KPC no hospital, em julho. Outros dois foram transferidos do Hospital Regional de Joinville com a bactéria, e um paciente veio de uma unidade hospitalar de Jaraguá do Sul com o problema.

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Dos pacientes internados em outros setores do São José, três contraíram a KPC recentemente, totalizando sete novos casos neste mês. Segundo a assessoria do São José, os 13 infectados recebem tratamento especializado para as patologias que os levaram a ser internados e, paralelamente, tomam antibióticos de última geração específicos para combater a superbactéria.

Contágio só entre os pacientes

Entre os contaminados pela KPC, internados na sala de apoio de emergência do PS, estão dois homens – um de 79 anos, que sofreu acidente vascular cerebral, e outro de 76 anos, que está tratando uma insuficiência cardíaca. Os outros dois pacientes são mulheres – uma de 76 anos, que está com hemorragia digestiva, e outra de 51 anos, que sofreu parada cardíaca.

O São José informa ainda que nas coletas feitas pela equipe da CCIH na estrutura do PS não foi encontrada a bactéria. Isso significa que a contaminação vem ocorrendo entre os pacientes. De acordo com especialistas, as bactérias produtoras de KPC são disseminadas entre os pacientes pelo contato de mãos mal higienizadas de profissionais de saúde e dos visitantes. Quando um paciente é exposto à bactéria, pode ocorrer a infecção.

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Medidas preventivas foram tomadas, e visitas, liberadas

O diretor do Hospital São José, Carlos Alexandre da Silva, acompanha o trabalho da comissão de controle de infecção hospitalar (CCIH) e assegura que todos os cuidados preventivos estão sendo tomados na unidade. Segundo ele, a população pode ficar tranquila e continuar procurando atendimento de emergência no pronto-socorro.

– Estamos atentos aos casos e já providenciamos o isolamento da área e dos pacientes infectados. Não é uma situação comum, mas também não há motivos para alarme – diz.

Silva afirma que os profissionais da CCIH estão seguindo os protocolos de segurança definidos para situações desse tipo a fim de garantir o bem-estar dos infectados e também das pessoas atendidas na unidade.

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Para prevenir novas infecções, a CCIH orientou que os pacientes internados com a KPC na sala de apoio de emergência do pronto-socorro fossem colocados no mesmo local e que o quinto leito da unidade fosse desativado provisoriamente. A sala só irá receber outros pacientes após a alta médica dos infectados ou a transferência deles para outros setores do hospital, já sem a bactéria.

Depois, a sala será submetida a uma “desinfecção terminal”, limpeza rigorosa da estrutura para que qualquer foco de bactéria existente no local seja eliminado. Está prevista também a desinfecção preventiva de outras salas do hospital. Nesta terça-feira, ocorreu a limpeza da sala de observação feminina do pronto-socorro. As pacientes foram transferidas para a sala masculina.

Como o principal meio de contaminação da KPC é pelas mãos, os funcionários que atendem aos pacientes contaminados passaram a usar máscaras, luvas e aventais descartáveis. Também foi fixada na porta do quarto uma placa de orientação para os visitantes.

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Ministério Público pede explicações

Atento ao problema da contaminação dos pacientes do Hospital São José pela superbactéria, o Ministério Público instaurou inquérito civil na última segunda-feira para investigar como a unidade está tratando as pessoas infectadas pela KPC.

A solicitação foi feita depois que a 15ª Promotoria de Justiça da Comarca de Joinville recebeu denúncia de que estaria havendo omissão no tratamento desses pacientes e que o isolamento deles seria em um local inadequado para o tratamento.

A promotora Simone Schultz Corrêa solicitou informações da direção do São José e da Secretaria Municipal de Saúde sobre as ações de combate à contaminação em um prazo de 48 horas.

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O Hospital São José e a secretaria já se manifestaram sobre o caso. O próximo passo é a promotora verificar se o tratamento oferecido pelo São José segue as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.