Homem, jovem, assassinado por disparos de arma de fogo. É esse o perfil das vítimas de homicídios registrados desde o começo do ano em Joinville.
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Levantamento feito por “A Notícia”, com base nos dados das 56 ocorrências já registradas entre 1º de janeiro e 25 de agosto deste ano, revela que mais da metade das pessoas assassinadas na cidade não chegou a completar 30 anos de idade. A cada três casos, em pelo menos um deles a vítima tinha entre 20 e 29 anos.
Além disso, quase um quinto das vítimas vivia a passagem da adolescência para a fase adulta, entre 15 e 19 anos. Outro dado que chama a atenção é o de que das 56 vítimas de assassinatos, só quatro eram mulheres.
Na avaliação do delegado titular da Divisão de Homicídios em Joinville, Paulo Reis, o perfil traçado a partir dos números corresponde com a percepção da polícia na prática. Segundo ele, além de jovem, a maioria das vítimas possuem envolvimento com o tráfico, seja na condição de usuário ou na de traficante.
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– Muitos se envolvem com as drogas desde cedo, aos 14 ou 15 anos de idade. Quando chegam aos 18 ou 20 anos, ganham desafetos e criam inimizades. Às vezes, ficam marcados porque entregam o traficante, assumem dívidas ou roubam a droga – explica Paulo Reis
Um caso que aconteceu no mês passado serve de retrato para as estatísticas. Ruan Pablo da Silva, de 19 anos, foi morto com um tiro na cabeça, no quintal de sua casa, no bairro Jardim Paraíso. A polícia não apontou suspeitos, mas o padrasto da vítima, Rubens César Ferreira, disse à reportagem de “AN”, após o episódio, que sabia o motivo.
– Tenho quase certeza que ele foi morto por causa de drogas.
Os números também apontam que o uso de armas de fogo é recorrente: de cada dez mortes, pelo menos seis foram provocadas por tiros. Nas demais ocorrências, predomina o uso de facas ou outras formas de agressão.
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A baixa incidência de mulheres na condição de vítimas, informa a polícia, indica uma realidade que foge à regra. Isto porque, na maioria dos casos, a motivação é passional ou inexplicada, como ocorreu com a universitária Mara Tayana Decker, 19, assassinada pelo segurança Leandro Emílio Soares, 27, em maio. Réu confesso, ele conheceu a vítima na noite do crime.
Comparado a 2013, número de homicídios é 30% maior
A análise dos homicídios praticados nos últimos oito meses revela que, neste ano, o ritmo de mortes está mais acelerado se comparado aos anos anteriores. Já são 56 casos registrados, contra 43 no mesmo período de 2013. Isso representa um aumento de 30% no número de mortes violentas.
Patamar acima do registrado neste ano foi verificado em 2008, quando houve 64 assassinatos no intervalo entre janeiro e agosto. Para se chegar a alguma conclusão sobre o sobe-desce dos números, o delegado da Divisão de Homicídios, Paulo Reis, defende a necessidade de se fazer uma avaliação mais ampla da violência, considerando os fatores sociais.
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De acordo com o delegado, o grande número de ocorrências em maio deste ano – 13 mortes – causou forte impacto nos números finais.
– Normalmente, há três ou quatro ocorrências por mês. Maio foi uma exceção e repercutiu no ano. São vários fatores que contribuem. Há meses que o índice aumenta; em outros, eles diminuem – destaca.