Atencioso com as pessoas mais próximas, bom pai e carinhoso com os amigos. Mas também possessivo, ciumento e controlador com as mulheres. Personalidades opostas atribuídas ao mesmo homem: Leandro Emílio da Silva Soares, 26 anos, autor confesso do assassinato da universitária Mara Tayana Decker, 19.
Continua depois da publicidade
O lado obscuro do perfil do segurança, que se apresentou à polícia em Navegantes e depois foi transferido para Joinville, na segunda-feira, é revelado por relatos das ex-companheiras dele.
Duas delas prestaram depoimento na Divisão de Homicídios enquanto Leandro ainda era procurado. Elas não conheciam Mara. Uma foi casada com o suspeito por cerca de seis anos; a outra, o namorou por um ano e dois meses, até dezembro do ano passado. As duas narraram históricos de ameaças e violência doméstica.
Parte das experiências foi levada à Justiça e resultou em processos criminais. Leandro chegou a ficar preso por uma semana em 2013, após agredir a companheira com quem namorou por último. Em contato com a reportagem do “AN”, a mulher reforçou o que considerava uma “personalidade dupla” do ex-namorado.
Continua depois da publicidade
– Se você o conhecesse, iria dizer que era um cara bom, amigo de todos, ajudava as pessoas. Fui eu quem convivi com ele por tanto tempo. Há duas personalidades. Em casa, inventava ciúmes, tudo era motivo para discussão. Fiscalizava mensagens, tinha minha senha no celular, no Facebook, sabia meus horários, era um controlador ao extremo – contou.
Para intimidá-la, Leandro chegava a dormir com uma arma debaixo do travesseiro. Mais tarde, ela descobriu que a arma era de brinquedo. Segundo a ex-companheira, o suspeito também mentia sobre a mãe ao dizer que era filho de uma policial federal. Seria outra forma de intimidar e insinuar que tinha privilégios.
O contato com armas, acredita a ex-namorada, ocorria apenas em determinados serviços. Outra ex-companheira de Leandro fez contato com “AN” e narrou episódios semelhantes, mas de cinco anos atrás. Assim como no caso mais recente, a ex relata que o primeiro mês da relação com o suspeito foi tranquilo, mas depois as coisa mudaram.
Continua depois da publicidade
– No início, não há o que dizer sobre ele. Era amoroso, cuidadoso. Mas depois minha vida virou um inferno – reforçou.
O namoro entre os dois, lembra a mulher, terminou após um ano de sofrimento. Ao ver que não tinha volta, Leandro teria ateado fogo no apartamento da família da mulher. Uma ação chegou a ser movida na Justiça, mas ele acabou absolvido. Apesar de não ser considerado bonito, a ex-namorada lembra que Leandro tinha bom trato com as mulheres.
– Feio, mas de lábia. Era um cara sedutor – garantiu.
Nos últimos tempos, Leandro fez escoltas e atuou como segurança em bares de Joinville e baladas de São Francisco do Sul e Piçarras. Também fazia bicos em casas de prostituição. Leandro gostava de samba e Carnaval. Frequentou a Sociedade Kênia Clube por um tempo e frequentava as rodas de samba. Quem o conhecia diz que Leandro tomava uma cervejinha, mas sem despertar desconfiança.
Continua depois da publicidade