Ele chegou sem nome nem documentos. Foi deixado à própria sorte em um dos corredores do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, em Joinville, por dois homens que o conduziam numa cadeira de rodas. Com dificuldades de comunicação, o paciente desconhecido passou a ser chamado de Ni (não identificado). Isto foi há mais de dois anos.
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Nesta sexta-feira, após uma longa estadia no hospital, chegou a hora da despedida. Mas, desta vez, quem deu adeus foi Natanael Joinvilense, de 43 anos, dono de uma certidão de nascimento novinha em folha. Ele passará a viver numa pousada em Balneário Piçarras, onde terá moradia menos inusitada do que os corredores de um hospital e atendimento adequado às suas necessidades.
A mudança, aliás, é uma etapa exigida no mesmo processo judicial que garantiu documentação e um nome de verdade para Ni, em abril. Os custos dessa nova vida serão arcados pela Prefeitura de Joinville. Por ter sido vítima de um AVC (Acidente Vascular Cerebral), Natanael tem a parte direita do corpo paralisada e precisa de acompanhamento contínuo.
Antes de ser deixado no Hospital Regional, ele chegou a ficar internado no Hospital São José em função da doença. Na hora de dar “tchau”, nesta sexta, Natanael correspondeu aos acenos das enfermeiras que o acompanharam desde março de 2012.
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Mas ele provavelmente não tinha ideia do que ocorria e para onde iria.
Isto porque, apesar de entender muitos gestos e orientações, o ex-paciente nunca conseguiu se comunicar direito.
Por algumas vezes, no entanto, Natanael chegou a recolher seus pertences, entre eles um patinho de pelúcia, dentro de um saco preto e esperou sentado no corredor.
Ni não precisava falar para que muitos entendessem sua vontade de ir embora.